A Correlhã entre 915 e 1425

 "Villa Corneliana“ em documentos    meio milénio de história

 A freguesia de Correlhã situa-se a sudoeste da vila de Ponte de Lima e é delimitada a norte pelo rio Lima, a nascente pelo seu afluente o ribeiro Trovela, a sul pelo monte da Nó e a poente pela freguesia da Seara.

O topónimo Correlhã deriva de Corneliana, designação que vem já dos tempos da romanização e se manteve durante a Idade Média. Era uma antiga villa – a Villa Corneliana – isto é, uma grande exploração agrária, que além de significativas extensões de terras de cultivo, sobretudo de cereais, mas também de vinhas, hortas, pomares e montados, incluía o casario, com as moradias dos senhores e dos trabalhadores, normamente constituídos por famílias de servos, e ainda as eiras e os celeiros, os lagares e as adegas, os estábulos, e outras áreas de maior ou menor dimensão e contíguas ou não, como os moinhos, a carpintaria, a olaria e outros...

Nos tempos da romanização existia um pequeno castro no sobranceiro monte de S. João, onde em 1967 se descobriu um acervo de moedas, que então foram recolhidas e entregues à Câmara Municipal.

Do período cristão, achou-se no território da freguesia uma moeda de ouro[1] comemorativa do terceiro concílio de Toledo, que se realizou em 589 a assinalar a conversão ao catolicismo de Recaredo, rei dos Visigodos[2], a qual facilitou a união dos reinos visigótico e suevo.

A “vila” deve ter passado por uma fase de decadência, resultante da invasão muçulmana, desconhecendo-se as consequências que daí advieram para a sua organização e funcionamento.

Em 915, Ordonho II, rei da Galiza e de Leão, doou a Villa Corneliana à Igreja de Santiago, que então ainda não era a sede diocesana, pois esta se encontrava na igreja de Santa Eulália de Iria-Padrón. No entanto, por essa época, Ordonho II tomou outras medidas que visavam o desenvolvimento futuro de Compostela. É, porém, com o Bispo Diogo Gelmires que se consolidará a transferência da sede diocesana de Iria para Compostela e se construirá a grande igreja românica que será a nova catedral.

A Villa Corneliana fez parte de um conjunto de herdades que a Igreja Compostelana possuía em terras do futuro Portugal, desde tempos anteriores à independência do Condado Portucalense e ao restauro das dioceses a sul do rio Minho. Embora situadas fora dos limites da diocese compostelana, a doutrina canónica então aceite retirava esses espaços à jurisdição dos prelados locais, concedendo ao seu titular, para além do domínio administrativo, e respectivo usufruto material, todos os poderes eclesiásticos.

A Villa Corneliana ou da Correlhã manteve-se na dependência da Sé de Compostela durante cinco séculos, isto é, desde 915 até 1426, e as principais vicissitudes que afectaram a sua história ficaram registadas numa série de documentos, conservados no Arquivo da Catedral de Santiago, no antigo Arquivo da Sé de Braga, actualmente integrado no Arquivo Distrital de Braga, e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.  

Do Arquivo da Catedral de Santiago, e em substuição dos documentos originais, que não se conservaram, interessam-nos os chamados Tumbo B, Tumbo C y Tumbillo de Concordias, repetidamente estudados e objecto de transcrições, designadamente os dois primeiros. Do Arquivo da Catedral de Lugo importam para este assunto as Memorias de la iglesia de Lugo, da Colección Piñeiro, assim como o manuscrito 82 da B. C. Sevilha. Do antigo arquivo da Sé de Braga, interessam-nos o Rerum Memorabilium, agora no Arquivo Distrital de Braga, e outros documentos, agora no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, designadamente a col. das Gavetas (Gav. 1, m. 6, n.º 17) e a Colecção Especial (Mitra de Braga), sendo indispensável, no mesmo arquivo, a consulta da Chancelaria de D. Afonso IV (liv. I e IV) e dos livros das Inquirições de D. Afonso II e D. Afonsos III. Em boa parte, esses documentos já foram publicados, sendo de mencionar as edições dos Tumbos compostelanos, citadas no fim desta publicação, assim como as colectâneas organizadas por José Ignacio Fernandez de Viana y Vieites y María Teresa Gonzalez Balasch. Para os documentos do tempo de Diogo Gelmires, recorremos à edição da Historia Compostellana de Emma Falque Rey.

O conteúdo destes documentos, ou seja a visão histórica que nos proporcionam, merece um estudo aprofundado, que temos de deixar para outros autores ou para outra oportunidade, embora alguns aspectos já tenham sido objecto da nossa atenção[3]. Neste momento, e para completar esta introdução à sua leitura[4], bastará uma vista de relance sobre esse conjunto documental que agora se reúne, com a finalidade de matizar os principais temas por que podem ser distribuídos.

Assim, uma grande parte deles, a começar pela doação de Ordonho II, em 915, refere-se à propriedade das terras cornelianas, às sucessivas confirmações feitas pelos governantes portugueses em favor da Igreja Compostelana, aos cuidados postos na sua organização e administração, a começar pela fixação de cultivadores e pela distribuição das áreas de cultivo. Embora escassa, a documentação proporciona-nos mais alguma informação sobre aspectos de índole económica.

Seguem-se os conflitos sobre a jurisdição eclesiástica entre a paróquia e o Cabido Compostelano e entre os Arcebispos de Santiago e de Braga, nos quais, en dado momento, intervêm os próprios habitantes da localidade.

Um conjunto significativo de registos documenta o caminho seguido pela comunidade no rumo da sua autonomia municipal. A Correlhã era um couto dependente do Arcebispo e do Cabido de Compostela, que nomeavam o juiz, os mordomos e os agentes de policiamento local que em documentos portugueses da época se chamam “saiões”. Seria esse o quadro administrativo local, tenha D. Diogo Gelmires outorgado, ou não, por volta de 1120, uma carta de foro semelhante à concedida a outros coutos compostelanos, referida por autores mais recentes, mas que a documentação não abona. Cedo, porém, os chefes de família terão começado a reunir-se em assembleia para tratar dos interesses locais e escolher os seus órgãos de administração e justiça, e, com o respaldo dos monarcas portugueses, pelo menos a partir de uma dada altura, elegiam o seu juíz, embora tivessem de submeter o nome do eleito à aprovação do prelado compostelano.

É este o quadro que se mantém até ao início do século XVI, data em que o Arcebispo de Santiago de Compostela e o Cabido, certamente com a finalidade de pôr termo às perturbações que, durante as guerras da independência, afectaram as terras sob o seu domínio em Portugal, as decidiram vender, em 1426, a D. Afonso, Conde de Barcelos, depois Duque de Bragança[5].

  [ 1 ]

915.01.30

Ordonho II doa à igreja de Santiago a vila chamada Corneliana em substituição das quinhentas moedas de ouro que lhe tinha deixado Alfonso III.

A. C. Santiago, Tumbo A, fl. 8 fr., cols. 1 e 2.

B. C. Sevilha, Manuscrito 82-1-13, fl. 65 fr.-v.º.

A. C. Santiago, Chartularum, XXV, fl. 17 v.º-18 fr.

 Publ.: Alvarez, p. 87-88, doc. 27;

PMH-DC, doc. XIX;

Ferreiro II, ap. 38 (p. 85-88).

 In nomine Domini. Nos Hordonius princeps et Gelvira regina vobis patri Sisnando episcopo vel omni congregationi vestre in Domino Deo eternam salutem.

Multis quidem notum manet eo quod genitores mei, dive memorie, Adefonsus rex ac Exemena regina ob remedium anime illorum hordinaverunt pontificibus Gemnadio et Frunimio quingentos mectales ex auro purissimo huic Sancto Loco Iacobo. Postea quidem uno consensu tractantes quomodo in prefato loco omnem misterium[6] ecclesie, capsas, cruces, calices et patenas, vel coronas, omnia manent a prefato patre nostro et a nobis ibi pie testata, videntes autem ipsos mectales vacantes ab aliqua operatione in tesauro. Et videntes magis proficuum esse eos vendere pro subsidio pauperum et peregrinorum, placuit nobis ut contestaremos villam pro eis Loco Sancto vestre ecclesie sicut et contestamos, id est: villam quam vocitant Cornelianam[7] territorio Gallecie secus flumen Limie, cum ecclesia Sancti Tome apostoli per omnes suos terminos anticos in omni circuitu, et cum cunctis adiuncionibus suis et prestacionibus, id est, domos cum edificiis intrinsecis suis, pumares, vineas, salta vel omnia que iuri nostro ibi manere potuerunt usque hodie, et piscarias de ipso rivo omnia ab integro vobis concedimus perhenniter abitura, ut genitorum nostrorum crimina deleantur et nos, presenti vestro fulti suffragio, eterno mereamur remunerare premio. Adicientes quoque adhuc ut servi vel liberti qui in ipsa villa sunt habitatores in ministerio ecclesie vestre permaneant perpetualiter servientes, sive et homines ingenuos ibi habitantes censum, quod nobis persolvebant, parti vestre inexcusabiliter persolvant. Hoc statuentes, ut hoc factum nostrum numquam a nobis diruptum.

Si quis tamen ex gente nostra hoc factum nostrum inrumpere conaverit, presenti a fronte careat luminibus, et post discessum a corpore igni perpetuo sit perhenniter mancipandus, et hec testamenti series in cunctis obtineat firmitatis rigorem.

Facta scriptura testamenti vel conmutationis sub die III.º kalendas februarii era DCCCC.ª LIII.ª

(1ª col.) Hordonius rex conf. (Signum). Geloira regina conf., Sancius conf., Adefonsus conf., Ranimirus conf., Lucidus conf., Nunus conf., Didacus conf., Gutherre conf., Rudericus conf., Munius conf., Sarracenus conf., Gemnadius episcopus conf., Attila episcopus conf.

(2ªcol.) Oduarius testis, Froila ts., Vimara ts., Auriolus ts., Frunimius episcopus, ts., Viliulfus ts.

  [ 2 ]

 915.[01].30, Zamora

Ordonho II doa à igreja de Santiago a vila chamada Corneliana, em substituição das quinhentas moedas de ouro que lhe tinha deixado Alfonso III.

A. C. Santiago, Tumbo A, fl. 7 v.º. col. 2 - 8 fr., col. 1.

A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 159 v.º - 160 fr.

B. C. Sevilha, Manuscrito 82-1-13, fl. 64 fr. - v.º.

A. C. Santiago, Chartularum, XXVII, fl. 20 fr. -21 fr.

Publ.: Balasch (1979), p. 17, n.º 2;

Alvarez, 1998, p. 85-87, doc. 26;

PMH-DC, p. 12-13, doc. XVIII;

Ferreiro, II, ap. 39 (p. 87-89);

Florez, XIX (1765), p. 352-354.

OBsErvAÇÕEs – Este documento, no fundamental, coincide com o anterior, podendo simplesmente tratar-se de redacções diversas. Nesta não se indica o mês, podendo admitir-se que seja também o de Janeiro. Entre um e outro observa-se uma diferença geral no estilo e na expositio, já que no primeiro não se refere a obstrução do rei Garcia à concretização dos desejos de seu pai Afonso, enquanto neste se explicam detalhadamente essas circunstâncias. Registam-se igualmente diferenças na lista de confirmantes, que neste é mais extensa, podendo considerar-se posterior.

In nomine Sanctae et individve Trinitatis sive ob honorem sanctissimi ac beatissimi Iacobi apostoli, cuius gloriosum corpus honorifice sub Arcis marmoricis tumulatum quiescit, provincia Gallecie, in finibus Amaee. Ego Hordonius rex in Dei amore et vestrae gloriae perpetuali. Dubium quoque esse non potest quod plerisque firmum manet atque notissimum, eo quod genitor noster bone memorie domnus Adefonsus rex ad hobitum veniens ordinavit sub iuramenti deffinitionem pro remissione peccatorum suorum patri Gemnadio episcopo quingentos auri numos aule Beati Iacobi apostoli defferendos. Quam rex et genitrix nostra domna Scemena[8] regina, ut completum fuisset omnibus modis eidem pontifici mente spontanae reconfirmavit. Ille vero hoc agere non valuit, quia germanus noster domnus Garsea, apicem regni accipiens, aditum eundi et reddeundi ad eundem Locum Sanctum iam dictus episcopus minime habuit, nec talem hominem invenire potuit, per quem munusculum[9] sibi commendatum ibi direxisset[10]. Hac de causa eos penes se retinuit usque dum post mortem germani nostri nos, divina procurante clementia, parentum in solio locati, eosdem numos supradicto antistiti commendavimus et, sicut accepit, detulit. Ideoque, dum eos accepissemus providimus una cum consensu patris nostri[11] domni Sisnandi, huius aule episcopi et illius magne congregationis, quod in thesauro nil lucrifacerent, concederemos pro eis Loco Sancto apostolico plenarium aliquid pro victu atque indumento sacerdotum Dei[12] et monachorum ibi deserviencium, hospitum quoque et peregrinorum, et pro luminariis ecclesie, sicuti et concedimus, et damus in ripa Limie villam quam vocitant Cornelianam[13] cum viculis et adiacenciis seu cunctis prestationibus, quicquid ad eamdem villam pertinere videtur per omnes suos terminos anticos in omni circuitu; et in ea ecclesiam Sancti Thome apostoli ita, ut ab hodierno die vel tempore post ipsum locum sepe nominatum Sancti Iacobi apostoli omnia incunctanter persistam et nulius eam vel in modico maculare vel irrumpere audeat.

Quod qui fecerit in presenti seculo ab utrisque privetur luminibus et in futuro penas paciatur eternas, et hec scriptura testamento plenam in cunctis obtineat firmitatis roborem.

Adicientes igitur censum hominum ingenuorum ibi habitancium, ut quod regie potestati usi fuerunt persolvere, patrono nostro et pontifici Loci Sancti persolvant.

Facta serie testamenti et concessionis sub die quod manet[14] iii kalendas [Februarii][15] discurrente era Dcccc.a L.a iii.a, anno feliciter regni nostri I.º conmorantes in Dei nomine in civitate Zamora.,

(1.ª col.) Hordonius rex confirmo, (Signum) Giloria regina conf., Sancius conf., Adefonsus conf., Ranemirus conf., Guterre conf, Gundisaluus conf., Froila conf., Fredenandus conf, Nunus conf., Superus conf., Frunimius conf., Adefonsus ts., Viliulfus ts.,

(2.ª col.) Gemnadius episcopus conf., Attila episcopus conf., Frugulfus conf., Martinus conf., Amphilocius conf., Muninus conf., Stephanus ts., Froila ts., Dominicus ts.

Ego quidem Ranemirus, divina procurante clemencia, ut benedictionem patronis sancti apostoli merear accipere, devocionem avorum et parentum sponte adimplens manu propria confirmo. (Signum) Tarasia conf., Garsea conf.

  [ 3 ]

1061.01.08

– O Rei D. Fernando concede ao Bispo Dom Crescónio e à igreja de Santiago jurisdição exclusiva sobre os homens que povoaram e vierem povoar a vila de Correlhã, nas margens do Lima.

A. C. Santiago, Tumbo A, fl. 26 fr., col. 1.

A. C. Santiago, Tumbillo de privilegios y concordias, fl. 131-132.

T. T., Gaveta 1, m. 6, n.º 17 (s. xiv).

B. C. Sevilha, manuscrito 82-1-13, fl. 82 fr.

A. C. Santiago, Chartularum, LXXV, fl. 59 v.º-60 fr.

A. C. Lugo, Colección Piñeiro, Memorias de la iglesia de Lugo, III, fl. 142 fr.

 Publ.: Alvarez, p. 161, doc. 68.

Ferreiro, II, ap. 93.

PHM-DC, doc. 429.

Blanco, doc. 57.

Rego, p. 18.

Sub Christi nomine. Fredenandus[16] rex et Sancia regina, vobis patri episcopo domno Cresconio vel omnibus ecclesie Sancti Iacobi apostoli, facimus hanc scripturam firmitatis de hominibus qui venerunt populare ad vestram villam, quam vocitant Cornelianam, ripa Limie, quos avus noster rex domnus Hordonius testavit Sancto Iacobo[17] ut stet ipsa villa per terminos de Vulturino usque in foce de Turvela et de rivulo Limie in monte Annor ingenua post partem vestram, cum cunctis populatoribus, tam illis qui ibi sunt quam qui post nos ibi intraverint, stent semper post vestram partem et post partem ipsius apostoli cunctis diebus, secundum vestra fuerit voluntas. Neminem hordinamus qui ibi vobis aliquam disturbationem faciat in aliquo.

Notum die viº idus ienuarii era M. LXL VIIII[18].

Fredenandus rex conf. (Signum: FREDENANDUS).

Sancia regina conf., Muninus episcopus conf., Sisnandus episcopus conf., Erigius conf., Hordonius conf., Guncalvus conf., Adefonsus conf., Hordonius conf., Pelagius conf., Cresconius conf., Ecta Gundesindiz testis., Cresconius testis., Alvano testis., Velleco testis., Ermoricus testis.

  [ 4 ]

 1065.05.10, Santiago[19]

Fernando I confirma as possessões da igreja de Santiago em terras de Portugal, entre as quais se inclui a vila Corneliana, e proibe qualquer funcionário de se ingerir nelas.

 A. C. Santiago, Tumbo A, fl. 26 fr., cols. 1 e 2 v.º., col. 1.

A. C. Santiago, Tumbillo de privilegies y concordias, fl. 13 1 v.º.-132 fl.

T. T., Gavetas, gav. 1, m. 6, n.º 17 (s. xiv).

B. C. Sevilha, manuscrito 82-1-13, fl. 82 v.º - 83 fr.

A. C. Santiago, Chartularum, LXXVI, fl. 60 fr. - 61 v.º.

A. C. Lugo, Colección Piñeiro, Memorias de la iglesia de Lugo, III, fl. 143.

 Publ.: Alvarez, 1998, p. 162-163, doc. 69.

Ferreiro, II, ap. 96.

PMH-DC, doc. 437.

Blanco, doc. 73.

Cantón, 219-220, núm. 105.

Gavetas, p. 19.

Adveniente rege domno Federnando in Locum Sanctum cum coniuge sua regina domnna (sic) Sancia, cum filiis et filiabus suis, cum episcopis, comitibus et omni agmine palatino, causa orationis, in vice et persona domni Cresconii episcopi, qui tunc sedem Sancti Iacobi regebat, et cunctorum clericorum, subiessit auribus eiusdem principis domnus Pelagius episcopus, quoniam sui egonomi de Portugali, nominati Didacus Tructesindici, Sisnandus Iohannes et Tedon Telici, volebant inquietare homines morantes in villis, ecclesiis et monasteriis, que per testamento et scripturas Beatus Iacobus apostolus a regibus et ab aliis in terra Portugalensi adquisierat, cum hominibus et familia sua, et deinde de diversis mandationibus regis alii homines ad habitandum et populandum in villas Corneliana, Bracara, Montelios, Villela, Colina et alias, que in testamentis et scripturis resonant, ingressi fuerant sub deffensione et tuicione episcoporum et clericorum Sancti Iacobi apostoli et ibi faciebant servicium et reddebant censum. Cum vero hoc fuit auditum et nuntiatum regi domno Fredenando et Sancie regine et filiis suis, ut est pius et misericors, iussit fieri hanc scripturam testamenti in honore Beati Iacobi apostoli ita:

Ego Fredernandus, Dei gratia, Legionensis rex, pariter cum coniuge mea regina domna Sancia et filiis meis, vobis domno Cresconio episcopo et clericis vel senioribus vestre sedis; ob honorem nostri patroni Sancti Iacobi apostoli, cuius corpus requiescit in Gallecia, in urbe Conpostelia,[20] cuius adiutorio et virtute nostrorum inimicorum colla demergi et ubiugari videmus, de tanto honore et principatu, quem nobis Dominus dare dignatus est aliquid impendere debemus pro remedio animarum nostrarum et parentum nostrorum. Propterea uno consensu et volumtate hanc scripturam confirmationis facimus et omnes qui de nostrís mandamentis et regalengo in illas villas vel ecclesias vel monasteria ingressi fuerunt ad habitandum confirmamos eos post partem Sancti Iacobi apostoli, et vestram, ut serviant vobis sicut alii vestri homines per vestros maiorinos; et quanticumque sunt de familia Hiriense sedis conmorantes per illam terram, et avi et parentes nostri huic Loco Sancto dederunt, damus vobis licenciam accipiendi, distringendi et in vestro iure tenendi[21] et non sit ausus noster maiorinus vel aliqua potestas, qui vobis et successoribus vestris aliquam disturbationem in eos faciat, tam in illis qui ibi modo sunt quam in illis qui deinceps ingressi fuerint, tam in vita nostra quam eciam post obitum nostrum, neque inquietet terminos et cautos vestrarum villarum, sed pacifice obtineatis et iurificetis vos et omnes successores vestri in perpetuum.

Quod si rex, comes, villicus, potestas vel cuiuscumque generis homo hanc scripturam confirmationis inrumpere tamptaverit, sit maledictus et excomunicatus et insuper pariet auri talenta VI, et hoc nostrum factum semper sit firmum.

A die vi idus marcii era Iª Cª Iª [22].

Federnandus rex conf. (Signum: FRE), Santia regina conf., Sancius filius regis conf., Adefonsus filius regis conf., Garsea filius regis conf., Vrraca filia regis conf., Geloira filia regis conf., Pelagius Legionensis episcopus conf., Nunus Velasquiz conf., Nunus Suariz conf., Egas Benegas conf., Gundisaluus Hordoniz conf., Tedon Telici conf., Sisnandus Iohannes conf., Anaia Suariz conf., Gunzaluo Fromariquiz conf., Petrus Hermigiz conf., Petrus Pelaiz conf., Veremudus Petriz conf., Ecta Gundesindiz conf., Telo Alvitiz conf., Cresconius testis[23], Veremudus testis, Hordonius testis, Didacus testis, Arias Didaz notuit testis, Pelagius Arias translatavit testis[24], Aloitus Nuniz testis.

  [ 5 ]

 1097.12.09

– O Conde Dom Henrique autoriza os vizinhos de Correlhã, que pertencem à igreja de Santiago, a apascentarem os gados e a cortarem lenha nos montados à volta.

A. C. Santiago, Tumbo A, fl. 39 v.º, cols. 1 e 2.

B. C. Sevilha, Manuscrito 82-1-13, fl. 35 fr.

A. C. Santiago, Chartularum, LXXXIIII, fl. 67 v.º-68 fr.

T T., Gavetas, gav. 1, m. 6, n.º 17 (s. xiv).

 Publ.: Alvarez, p. 208-209, doc. 97;

Ferreiro, III, ap. 10.

Gavetas, p. 20-21.

 Glorioso et venerabili patrono nostro domino Iacobo, cuius corpus tumulatum digna sepultura manet in finibus Amaee. Ego Henricus[25], comes Portugalensis, pariter cum uxore mea Tarasia, imperatoris Toletani domni Adefonsi filia, consentientibus nostri palatii maioribus, quia in nostro dominio et dicione consistit omnis Portugalensis provincia, huic apostolo fieri commissorium et testamenti scripturam elegimus, qualiter[26] nostra iussione et firmo precepto vitetur omnis penuria ab hominibus habitantibus in villa Corneliana[27], quam[28] illis inferebant regii saiones in colligendis lignis et materia, vel exitu, et suorum pecorum pascuo; unde, dum plerumque dominis et senioribus apostolice aule fuisset prolata querimonia et nos, amore huius Apostoli venientes causa orationis, eorum precibus rogati, invenimus quod predicta villa Corneliana cum medietate de Montemaior vel Nahor per suos terminos anticos fuit concessa a prioribus regibus ad hunc Locum Sanctum, quam nos post eius partem et suorum clericorum ab omni integritate confirmamus; et quia contra regales villas et castella nostra plus habentur nemora, de hodie die in illo nostro damus licenciam cunctis habitatoribus in ipsa villa, ut colligant ligna et materia et habeant exitum et pascua in omni circuito ubi voluerint, et non sit ausus aliquis, neque vicarius, neque saio aut potestas, qui impedimentum eius faciat, ut secundum habuerint licitum ita, et nos mereamur in die iudicii cum omnibus sanctis, huius apostoli precibus sufulti, introire in regna celorum, amen.

Qui vero hoc nostrum datum inrumpere temptaverit, quisquis fuerit, sedeat excomunicatus et pariet post vestram partem solidos Dos, et quod auferre voluerit, componat in duplo.

Facta huius scripture confirmatione v idus decembris era i. c. xxxvª, permanente in presentibus et futuris et omni vestre voci evo perhenni et secula cuncta, amen.

Henrricus comes Portugalensis et coniux mea Tarasia hoc factum et damus et confirmamus. (+ +)

Qui ibi sunt de Portucali: Suarius Nunici, conf., Nunus Pelaici conf., Pelagius Guterrici conf., Rudericus Froilaz conf., Petrus Songemiriz conf., Suarius Menendici conf., Pelagius Olidiz conf., Pelagius Menendici conf., Veremudus Guterrici conf., Arias Alvarici conf., Pelagius Gudesteiz, iudex, conf., Petrus Danielz, iudex, conf.

  [ 6 ]

 1174.03.19, Compostela (Catedral, sala capitular)

Gonçalo, Cornélio e Joanino recebem do Cabido Compostelano, em tenência, a honra de Correlhã, por cinco anos, por duzentos e sessenta maravedis por ano, e com a obrigação de construir um moinho no Trovela. O Cabido terá aí quatro mordomos, designados como vigários.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 173 fr. - v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 363, doc. 1.

 Era I.ª CC.ª XII, et quotun XIIII.ª kalendarum aprilis. Nos, Gondisalvus, Cornelius et Iohanninus de Corneliana et voces nostre vobis, dominis canonicis ecclesia Beati Iacobi, facimus in Capitulo vestro scriptum firmissinium super honorem vestrum de Corneliana quem nobis datis ad tenendum per presenciam vicarii vestri domni Pelagii de Ribeira tali conventione quod per annos V.e teneamus de manu et dato vestro predictum honorem de Corneliana cum omnibus directuris suis intus et extra et habeamus omnis reddittus eius et annuatim demus vobis CCLX.ª morabitinos bonos et legitimos, C.m XXX.ª ad terminum Pasche et alios C.ª XXX.ª ad terminum Sancti Iohannis mensis iunii, pro quibus morabitinis unoquoque anno demus fideiussores in manibus domni Pelagii Ribeyra vel illius cui vicarius vester fuerit ut annuatim per predictos terminos reddeamus illos CCLX.ª morabitinos in pace. Nos vero modis omnibus predictum honorem vestrum amplificemus et senras atque quintas et omnes directuras abstrahamus et proposse queramus ita quod nichil inde alienetur et non constituamus in honore illo nisi IIII.or maiordomos qui nomini vicarii habeant neque malum ibi faciamus extram veritatem. Et si in hoc spatio aliquis nostrum mortuus fuerit, quem constituerimus persolvat et compleat hoc vobis et in cauto vestro expeditas supradictis V.e annis honorem vestrum quicumque volueritis ad tenendum detis, interim vero pro alio aliquo illum non debetis auferre. Adicimus quod construamos illum vestrum molendinum donegum de Torvela ita quod ab hac die Pasche usque ad annum plenum sit factum quem per annos teneamus cum reditu suo, finitis VIII.e annis accipiatis vestrum molendinum.

Quod si hoc nos vel vox nostra hoc neglexerimus pariamus vobis et vicario vestro solidos C.m portugalensis monete et insuper vestram fideiussuriam abstrahatis et honorem vestrum accipiatis.

Nos iam dicti in hoc placito manus nostras.

Ege Fernandus, ecclesia Beati Iacobi subdiachonus, mandato Capituli scripsi.

  [ 7 ]

1216.05.20, Compostela

O deão Bernardo e o Cabido compostelano dão a Pedro Lourenço e a Pedro Martins a seara de Pereira, na terra de Correlhã, com a condição de a plantarem de vinha e darem em cada ano diversas espécies, e de serem vassalos do Cabido.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 175 fr.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 367-368, doc. 6.

 In nomine Domini nostri Ihesu Christi. Notum sit universis quod nos Bernardus, decanus, et universum Conpostellanum Capitulum, facimus vobis Petro Laurentii et Petro Martini et uxori[29] vestre cartam donacionis de senra illa de Peraria que iacet de foris in terra de Corneliana, concorrente ad ecclesia Santi Thome, ita quod tu, Petre Martini, habeas III.m de illa senra et tu, Petre Laurentii, II.as tertias, ea videlicet conditione quod teneatis illam senram predicto modo et habitetis[30] ibi et sitis inde nostri vasalli, et plantetis eam de vinea et claudatis bene et excolatis prout vinea debet excoli; et solvatis nobis singulis annis terciam partem omnium proventuum que inde provenerint et unam bonam fogaciam et unum scorzum[31] de vino et duos capones, et si volueritis donare aliter nobis donetis et non alii, et si vendere nobis vendatis pro iusto tamen pretio et non alii, et ad hoc teneamini vos et quislibet suscessor vester in perpetuum, quocumque titulo vobis succedat. Et si nos noluerimus emere vendatis cuicumque volueritis ita tamen quod sit de Corneliana et noster vasallus, et nullus habeat partem in ea senra nisi qui morabitur ibi et fuerint vasalus noster. Et si vos cessaveritis in cultura vinee vel in solucione eorum qui superius sunt conprehensa, privemus vos possessione predicta. Tu vero, Petre Laurentii, preter hec habeas senram de Veiga de Loyvildi Minorem secundum conditionem supradictam.

Qui vero contra hoc pactum tam ex de nostra quam de vestra parte venerit, alteri parti solvat penam C.m aureorum.

Facta carta apud Conpostella, in Capitulo Sancti Iacobi, sub era M.ª CC.ª L.ª IIII.ª, et quotum XIII.º kalendas iunii.

Qui presentes fuerunt Ego Bemardus, Compostelanus decanus, conf. Ego Iohannes Cresconii, archidiaconus de Nendos, conf. Ego Martinus Iohanis, cantor, conf. Ego Pelagius Petri, cardinalis, conf. Ego cardinalis Petrus Eugerii (signum). Ego cardinalis Petrus Ordonio conf.

 [ 8 ]

 1220

O Arcebispo de Braga D. Paio Mendes reconcilia-se com o Arcebispo de Compostela, e recebe deste o título de Cónego em Santiago, e, em préstamo vitalício, metade das igrejas de S. Vítor, em Braga, e de S. Frutuoso, em Montelios, e metade da Correlhã.

Historia Compostelana, livro II, cap. 46, p. 340-341.

Cf. João Pedro Ribeiro, Dissertações Chronológicas e Críticas, 2.ª ed., Lisboa, Academia Real das Ciências, 1867, vol. IV, parte II, p. 58.

 De P[elagio] Bracarensi archiepiscopo facto canonico in Ecclesia Beati Jacobi.

Circa id temporis P[elagius] Bracarensis archiepiscopus venit Compostellam, hunc a Compostellani archiepiscopi legatione pro re ad tempus subtractum, praenotatum est. Missis namque clericis suis ad papam Calixtum, relatisque quodam versipelli argumento inter Compostellanum Archiepiscopum et Bracarensem inimicitiis, pro re ad tempus ab ejus legatione, ut superius patet, Bracarensis subtractus est.

Praecepit quoque Papa eidem Bracarensi per litteras suas ut honorem Beati Jacobi in Portugalia, quem praedecessor ejus M[artinus] Bracarensis archiepiscopus ab eodem Compostellano archiepiscopo habuerat in praestimonium, et quem iste violenter retinebat, redintegraret. Eapropter Bracarensis Archiepiscopus cum Compostellano Archiepiscopo et Sanctae Romanae Ecclesiae legato D[idaco] foedus stabilivit dilectionis, et, factus canonicus Ecclesiae Beati Jacobi, medietatem praedicti honoris ab eodem Compostellano archiepiscopo recepit in praestimonium, quatenus aliam medietatem pro posse suo tueretur, sicut in hoc scripto resonat:

“Ego P[elagius] Bracarensis Ecclesiae Archiepiscopus, persona videlicet mea, non Ecclesia, sicuti confrater et concanonicus vester, suscipio a vobis, domino D[idaco] Compostellanae Ecclesiae Archiepiscopo et Sanctae Romanae Ecclesiae legato, et ab Ecclesia vestra in praestimonio, medietatem de ecclesia Sancti Victoris, quae dicitur Bracara, et medietatem Sancti Fructuosi, cum villa Moontelios, et medietatem de villa Corneliana cum omnibus appendiciis eorum, tali tenore ut in vita mea teneam haec omnia praedicta, et ad obitum meum Ecclesia vestra suscipiat ea, et quiete possideat a successoribus meis; aliam vero medietatem de his omnibus quam vos tenetis ad praesens, adjuvare, defendere et amparare ad utilitatem vestrae Ecclesiae. Ego P[elagius], Dei gratia Bracarensis Ecclesiae Archiepiscopus, propria manu confirmo. Hugo Portugalensis episcopus conf. Petrus prior Bracarensis Ecclesiae conf. Nunus Bracarensis Ecclesiae diaconus et canonicus scripsit et confirmavit”.

Aliam scripturam habetis consimilem.

  [ 9 ]

1220

– Inquirição relativa à Vila Corneliana.

 T. T., Feitos da Coroa, Inquirições de D. Afonso II, livro 1, fl. 21, 61, 107.

 Publ.: P.M.H. – Inq. Af. III, 1888, p. 1-287.

 [fl. XXI v.º]

De Sancto Toma de Corneliaa. Petrus Gomiz abbas, Menendus Petri, Petrus Pelagii, Petrus Petri, Johannes Petri, Gunsaluus Pelagii, Johannes Pelagii, Petrus Petri, Suerius Menendiz, Suerio Fernandiz, [Johannes Petri], jurati, dixerunt quod [rex] nullum habet ibi regalengum.

[fl. LXI]

De Sancto Thoma de Corneliaa. Petrus Gomez abbas, Menendus Petri, Petrus Pelagii, Petrus Petri, Johannes Petri, Gunsaluus Petriz, Johannes Pelagi, Petrus Petri, Suerius Menendiz, Suerio Fernandiz, Johannes Petri, iurati, dixerunt quod rex nullum habet ibi forum.

[fl. CVII]

De Sancto Thoma de Corneliaa. Petrus Gomez abbas, Menendus Petri, Petrus Pelagii, Petrus Petri, Johannes Petriz, Gunsaluus Pelagii, Johannes Pelagii, Petrus Petri, Suerius Menendiz, Suerio Fernandiz, Johannes Petri, iurati, dixerunt quod ista ecclesia habet senarias et I casale, et habet ibi Sanctus Jacobus de Gallicia LX casalia, et ista ecclesia est sua, et una heremita, et Sanctus Martinus I casale, Sanctus Romanus IIII casalia.

  [ 10 ]

1229.11.13, Cabaços (c. Ponte de Lima) - 1232.11.16

Os moradores de Correlhã dirigem-se à freguesia de Cabaços, ao encontro do Arcebispo de Braga D. Silvestre Godinho (1229-1244), para lhe declararem a sua vontade de lhe prestar obediência, e, em consequência, D. Silvestre Godinho entra na igreja da Correlhã, em visita pastoral, no dia 16 de Novembro de 1232.

T. T., Colecção Especial, Mitra de Braga, caixa 1, n.º 82.

A.D. Braga, Rerum Memorabilium I, fl. 133 v.º - 134.

Publ.: António Matos Reis, “Entre Braga e Santiago de Compostela – a Villa Corneliana (freguesia de Correlhã, concelho de Ponte de Lima) na primeira metade do século XIII”, em Os Reinos Ibéricos na Idade Média, Livro de Homenagem ao Professor Doutor Humberto Carlos Baquero Moreno, vol. I, Porto, 2003, p. 255-264.

 Notum sit omnibus presentibus et futuris quod sub Era M.ª CC.ª LX.ª VII.ª Idus Novembris apud Cabaazos, die videlicet domenica, in hora tercia, clerici et laici de Corneliana iuraverunt ad sancta Dei Evangelia quod de cetero sint obedientes ecclesie bracarensi cum omnibus iuribus ad eandem spetantibus, et quod nunquam recipiant clericum in eadem ecclesia de Corneliana sive prelatum nisi per bracarensem ecclesiam institutum vel alias sibi concessum. Iuraverunt etiam quod non sint obedientes nec persolvant decimas vel permicias vel alia iura ecclesiastica nisi illi quem eis concesserit bracarensis ecclesia ut dictum est, et quod divina ab alio clerico non audiant nisi ab eo quem eis bracarensis ecclesia duxerit concedendum, nisi constaret per sententiam domini Pape quod in omnibus spiritualibus et temporalibus essent exempti ab ecclesia bracarensi.

Nomina autem clericorum qui iuraverunt premissa sunt ista: Martinus Johanis presbiter. Johanes Honorici acolitus. Johanes Laurencii presbiter quondam prelatus ecclesie de Corneliana. Gomecius Pelagii presbiter. Petrus Petri presbiter. Nuno Menendi clericus. Martinus Francus diaconus Martinus Laurencius diaconus. Gomecius Menendi diaconus. Petrus Petri subdiaconus. Johanes Petri clericus. Petrus Petri Diaconus. Fernandus Johanis clericus.

Nomina vero laicorum qui iuraverunt sunt ista: Johanes Petri folia. Johanes Dominici. Filius Bonus. Johanes de Barrios. Martinus Johanis. Martinus Petri Ganantia. Petrus de Prosa. Fernandus Petri piliterio. Gunsalvus Perro. Johanes Johanis de Subquintana. Martinus Iohanis de Subcastro. Stephanus Petri de Via Cova. Dominicus Petri de Barrios. Michael Perro. Alfonsus Didaci. Fernandus Iohanis. Martinus Petri de Grangia. Petrus Menendi maurus. Martinus Gato. Martinus Petri de Barreiros. Johanes de Costa. Martinus Petri de Barrios. Johannes Honorici malioga. Martinus Johanis. Martinus Nuniz tertiatus. Johanes Petri Capreirom. Johanes Pestana. Johanes Johanis. Johanes Denis. Dominicus de Via Cova. Gunsalu Martinis. Johanes de Longara. Petrus Tonel. Johanes Gomecii. Petrus Viviani. Martinus Romanus. Johanes Guedelia. Petrus Veirol. Laurencius de Mato. Dominicus de Fonte. Martinus Maurus. Johanes ollarius. Salvatus. Petrus Johanis de Silveiro. Martinus alcaide. Petrus Fernandi de Tesido. Petrus Johanis de Subquintana. Petrus Tesido. Gomecius Botelio. Michael Alfonsi. Petrus Burrelo. Johanes Suerii. Johanes Johanis. Martinus Laurencii. Laurencius de Sancto Johane. Facundus. Martinus Ollarius. Martinus Manco. Martinus Bouloso. Facundus Johanis. Dominicus Cuco capellanus. Martinus Corudo. Petrus ollarius. Johanis Paivas. Petrus Pelagii. Johanes Atangi. Johanes Tacom. Johanes de Grangia. Johanes de Lama. Johanes de Sauto. Julianus Balteiro. Perrote. Johanes Rubeus. Petrus Farpatus Sirgadus. Pelagius Grecus. Johanes Conde. Nuno Petri. Martinus Gilibel. Johanes Balteiro. Vivianus. Martinus Balteiro. Martinus Roderici. Fernandus Suerii. Petrus Gallus. Johanes Roderici. Petrus Dominici. Fernandus Suerii. Petrus Roderici. Petrus Johanis de Paradela. Petrus Amicus. Gomecius de Ribeiro. Petrus Penelo. Laurentinus. Martinus Suerii de Villa. Johanes Fernandi. Petrus Albis. Fernandus Corium. Petrus Laurentii iudex de Corneliana. Petrus Menendi de Barreirus. Petrus Fernandi maiordomus. Martinus Bugalio. Petrus Caballus. Petrus de Fonte. Johanes Gunsalvi. Maurinus. Laurencius Simonis. Johanes Gunsalvum. Petrus Plagii. Johanes Maurinus. Suerius Martini. Martinus Johanis. Martinus Petri. Johanes Fernandi. Johanes Romanus. Martinus Petri. Martinus Fernandi. Pelagius Laurencii. Laurencius. Johanes Johanis. Martinus Petrus calcozo. Dominicus Vivianus. Johanes filius. Fernandus Suerii. Petrus Bugalio. Petrus Lupus. Johanes Martini. Johanes de Carraria. Petrus Maurus. Petrus Fernandi. Martinus Gomecii. Petrus Iohanis. Johanes Simionis. Petrus Honorici. Johanes de Peña. Johanes Rex. Johanes Fernandi. Johanes Velio. Johanes Petri. Laurentius Petri. Petrus Suerii. Petrus Fernandi. Petrus Roderici. Martinus Suerii. Martinus de Lama. Petrus Suerii. Dominicus Calvus. Dominicus Durandus. Johanes Petri. Johanes Menendi. Martinus Iohanis. Petrus Pequenus. Fernandus Frontinus. Dominicus Aranus. Dominicus Geraldus. Johanes Petri. Dominicus Dominicis. Petrus Iohanis. Fernandus Gomecii. Martinus Iohanis de Bauza Payo. Fernandus Suerii de Tesido.

[espaço em branco, cerca de 3.5 cm. de alto]

Notum sit omnibus presentibus et futuris quod sub era M.ª CC.ª LXX.ª mense Novembris sedecim diebus elapsis eiusdem mensis, feria IIII.ª me Pelagio Mendi publico notario presente et vidente, clerici e laici de Corneliana receperunt Dominum Silvestrem Archiepiscopum Bracarensem ad ecclesiam de Corneliana venientem cum pulsatione campanarum signis super altare ipsius ecclesie positis ut moris est cum Archiepiscopus recipitur ad processionem.

[no verso, em letra posterior:]

Ut receptum fuit archiepiscopus domnus Silvester in ecclesie de Corneliana cum processione et data fuit ei prestacio et omnes clerici et laici iuraverunt semper recipere ipsum et sucessores suos et non alii.

  [ 11 ]

1232.05.__

– Pedro Pais e mulher vendem ao Cabido compostelano, representado por João Eanes, a herdade que possuem no lugar de Mamoa, na vila de Correlhã, por trinta e nove maravedis.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 173 v.º.-174 fl.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 369, doc. 9.

 In Dei nomine. Ego Petrus Pelagii et uxor mea Maria Michaeli, vobis Iohanni Iohannis, in voce Capituli Santi Iacobi, facimus carta venditionis et firmitudinis de hereditate nostra propria quam habemus in villa Corneliana, et iacet in loco qui vocaverat Mamoa, subtus mons Hanoor, discurrente aquis Limie, territorio Brachare. Damus igitur vobis atque concedimus in supradicto loco Mamoa quantam hereditatem ibi habemus tam de comparadea quam de ganantia in domos, vilis et arboribus, in montibus et in fontibus, intus et foris, et cum quanto ipsam hereditatem pertinet cum omni denique quam ad prestitum hominis est, pro precio quod de vobis accepimus, scilicet XXX et VIIII morabitinos, cum suo robore quia ita placuit nobis et vobis, et de precio apud vos nichil remansit pro dare.

Si aliquis homo venerit vel venerimus tam de propinquis nostris quam de extraneis qui hoc factum nostrum irrumpere voluerit pariat vobis ipsam hereditatem duplatam et quantum fuerit meliora<ta>m in simili tali loco et pectet D solidos cui vocem vestram dederitis.

Facta carta mense maii, era Mª CC LXXª.

Nos qui sursum resonamus in hanc karta manus nostras roboramus.

Qui presentes fuerunt: Iohannes, ts., Petrus, ts., Martinus, ts.

Alfonsus notuit.

 [ 12 ]

 [1232-1237][32]

João Crescones, tenens vicem decani, e o Cabido de Santiago de Compostelana nomeiam o cónego João Eanes procurador na causa que o Arcebispo de Braga promove contra eles em relação à igreja de Correlhã.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 177 fr.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 373, doc. 17.

 Notum sit presentem paginam inspecturis quod nos Iohannes Cresconii, tenens vices decani, et universum eiusdem ecclesia Capitulum, constituimus Johannem Iohannis, canonicum nostrum, procuratorem nostrum ad <a>ppellacionem proponendam super questionem quam movet contra nos et contra ecclesiam Santi Thome de Corneliana et contra Petrum Gomez, clericum, et consocios suos in eadem ecclesia, dominus archiepiscopus Bracharensis super iurdicione eiusdem ecclesie quod neque ab ipso archiepiscopo neque ab eius vicario neque ab aliquo ex parte Bracarensis ecclesie predicta ecclesia interdicatur, vel clerici vel layci eiusdem ecclesie excomunicentur vel suspendantur, et ut generaliter comprehendamus quod nulla iurisdicio spiritualis vel temporalis in ecclesiam ipsam vel eius parrochianos vel clericos a Bracharense ecclesia exerceatur. Et hanc appellacionem quam nos facimus ad quos ecclesia predicta spectat dominus Bernardus, Conpostellanus archiepiscopum, ratam habent et confirmat.

  [ 13 ]

 1234.12.08

– João Crescones, tenens vicem decani, e o Cabido de Santiago de Compostela, dão em tenência, a Fernando Eanes de Correlhã, conforme a sua declaração, e a seus filhos Pedro e Maria Fernandes, durante a sua vida, diversas propriedades, ficando com o encargo de fazer as casas e de pagar em cada ano a metade dos frutos, a terça do pão e outras espécies.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 196 v.º - 197 fr.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 369-370, doc. 10.

 Era M.ª CC.ª LXXII et quotum VI.º idus decenber. Vos Iohannes Cresconii, archidiaconus, tenens vices decani, et universum Capitulum Conpostellanum, datis mihi Fernando Iohannis de Corneliana hereditate de Fradi et hereditate de Elvira Pelaiz, cum vinea sua et cum sua larea de veyga, et hereditatem de Salzedo de Senrra et hereditatem de Senra de Silvario et hereditatem Donegam cum sua vinea et cum sua valle de castaneis et cum omnibus pertinenciis suis. Datis inquam in vita mea et duarum filiorum meorum, scilicet Petri Fernandi et Marie Fernandi tantum, et post mortem meam alter predictorum filiorum meorum, si fuerit, teneat tantum, et post decessum ipsius alter simi<li>ter teneat tantum. Et nos debemus dare Capitulo vestro vel vicario ipsius Capituli de vineis et de omnibus fructibus arborum et de omni fructu qui provenerit in vineis supradictis medietatem et de quanto pane in predictis hereditatibus laboraverimus tertiam partem et unum scorzum[33] de vino et duos capones et unam fogaciam de tritico intuitu istius tenencie annuatim. Et nos debemus domos facere et in bono statu tenere et hereditare et debemus esse boni vasalli Capitulli et fideles, et non debemus ibi aliquam dominium ducere contra vos et debemus taliter britare successum predictas hereditates quod non veniat inde aliquam gravamen vel iactura Capitulo vel hominibus de cauto. Et nos debemus de supradictis vineis dare medietatem vini ad torcular. Et pro hiis omnibus ad implendis obligo me vobis et omnia bona mea.

Si quis nostrum contra hoc venerit pectet alteri parti penam C aureorum, scriptura ista nichilominus in suo robore permanente.

Qui presentes fuerunt: Ego B., cantor Conpostellanus, ss. Ego Iohannes Cresconii, archidiaconis, tenens vices decani, ss. Ego Bernardus Petri, iudex Conpostellanus, ss. Ego M. Bernaldi, cardinalis, ss. Ego Nuno Martini, canonicus Conpostellanus, ss.

Ego Martinus Iohannis notarius concilii Conpostellani iuratus scripsi.

  [ 14 ]

1235.01.24

O Cabido de Santiago, representado pelo Arcediago João Crescones, faz um pacto, roborado em quinhentos soldos, com o mestre Lourenço, organista, pelo qual este recebe, durante a sua vida, a herdade de Sá, na Correlhã, comprometendo-se a plantá-la de vinhas e de árvores, e a dar em cada ano a quarta parte do pão, do vinho e dos demais produtos que cultivar, com excepção dos feijões.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 172 v.º (com falhas) e 176 fr.-v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 370-371, doc. 11.

 In nomine Domini. Era M.ª CC.ª LXX.ª III, et quotum VIIIIº kalendas februarii. Ego magister Laurencius, organista, et omnis vox mea, vobis Iohanni Cresconii, archidiaconi, tenenti vices decani, et universo Capitulo Compostellano, omnique voci vestre, facio pactum et placitum firmissimum in solidos D roboratum, ita quod vos datis mihi illam vestram hereditatem que est in Corneliana, id est Saa, quomodo dividitur per suos terminos, scilicet per Curigo et per hereditatem Ortolani et per agrum de Lupis et per vallum antiqum[34] de Sanguinedo et ferit ad illum quercum de Saa cum ipso agro sibi adjacente et cum pertinenciis suis, tali pacto quod plantem ibi vineas et arbores et devesas et proficiam ibi pro posse meo et teneam hoc totum de vobis in vita mea et dem vobis annuatim quartam de pane et vino et legumine et lino quod ibi habuerit, exceptis faseolis, ad obitum vero meum dimittam vobis totam supradictam hereditatem vestram cum omnibus bonis et proficuis que ibi fecero in pace, adiccta tali condicione quod si ego in ipsa predicta vestra hereditate predicto modo non plantavero et profecero redeat statim tota ipsa vestra predicta hereditas ad vestram propriam possesionem et ego caream omnibus que ibi fecero; ego vero in vita mea sim vester fidelis vassallus cum omni humilitate et non sim in potestate et dominio alterius vestri maiordomi nisi tantum in potestate Dei et vestra[35] quod nisi complevero penam huius placiti superius dictam persolvam.

Qui presentes fuerunt: ego Michaellis, Compostellanus cantor, conf. Ego Iohannes Cresconii, archidiaconus, tenenti vices decani, ss. Ego Petrus Iohannis, cardinalis, ss. Ego Mi[36] Didaci, cardinalis, conf. Ego Iohannes Pelagii, cardinalis, conf. Martinus Martini, frater eius. Iulianus Martini. Iohannes Fernandi Rapatus.

Ego Martinus Iohannis, notarius Compostellanus iuratus, scripsi.

  [ 15 ]

1236.01.18, Viterbo

Bula Pontifícia, em que Gregorio IX nomeia o mestre Fernando, Rodrigo e Abril, respectivamente, Arcediago, tesoureiro e cónego de Leão, para que julguem o pleito entre a Sé compostelana e João Lourenço, clérigo de São Tomé de Correlhã, sobre a jurisdição nessa igreja paroquial.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 177 fr. (inserto no n.º 15).

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 371, doc. 12.

 Gregorius, episcopus, servus servorum Dei. Dilectis filius magistro Fernando, archidiacono, [Roderico], thesaurario et Aprili, canonico Legionensi, salutem et apostolicam benedictionem. Dilecti filii, decanus et Capitulum Compostellanum[37] nobis conquirendo mostravit quod Iohannes Laurencii, presbiterus, alii moneantur[38]. Quocirca discretionnem nostre per apostolica scripta mandamus quatinus partibus convocatii videtis causam quod iusti fuerit appellalione postposita statutis, facientes quod decernetis per censuram ecclesiasticam firmiter observati testes autem qui fuerint nominati si se gratia, odio vel timore substraxerint, appellatione cesante, cognatis veritati testimonium perhibere, non obstante constitucione “de duabus dietis” edita in concilio generali, dum modo ultra terciam vel quartam pars alteri extra suam dicte ad iudicium dum trahatur, quod si non omnes hiis exequendis potueritis interesse duo verumtamen nichilominus exequantur.

Data Viterbi, X.º V.º kalendas februarii, pontificatus noster anno nonno.

  [ 16 ]

 1236.12.04. Leão

– Mestre Fernando, Arcediago, Rodrigo, tesoureiro, e Abril, cónego, de Leão, juizes delegados pelo Papa Gregório IX, convocam testemunhas para deporem no litígio entre as Igrejas Compostelana e Bracarense sobre a apresentação do pároco na igreja de S. Tomé de Correlhã.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 177 fr.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 371-372, doc. 13.

 Magister Fernandus, archidiaconus, Rodericus, thesaurarius, et Aprilis, canonicus legionensis, a domino Papa iudices delegati. Dilectis in Christo Laurencio Didaci, clerico illustris regis Portugalie, Martino Iohannis, Martino Frati, Suerio Menendi, Petro Petri, Petro Iohannis, Alfonso Iohannis, clericus; Petro Alfonso, Iohanne Arie et Iohanne Petri, dicto Trigoso, maiordomis cauti de Corneliana; Fernando Gomecii, Petro Fernandi, filio eiusdem Fernando Gomecii, Bracharensis diocesis, salutem in Domino. Noveritis nos recepisse litteras domini Pape hanc modum:

[Insere aqui o doc. de 1236.01.18]

Auctoritate sibi domini Pape qua fungimur in hec causa vos citamus, peremptorio mandantes quatinus in Dominica Quadragessime proximo venture qua cantatur “letare Iherusalem” apud Legionem per vos vel per suficientem responsalem coram nobis compareatis predictis decano et Capitulo conpostellano super <pre>dictis res parati, quod si non feceritis nos quantum de iure potuerimus procedemus.

Datum apud Legione, IIII.ª die december, sub era M.ª CC.ª LXX.ª IIII.ª.

 

  [ 17 ]

1237.11.24

João Lourenço, presbítero, de Correlhã, reconhece que a igreja de S. Tomé de Correlhã pertence ao Cabido de Compostela, renunciando à apresentação que o concelho da Correlhã fizera ao Arcebispo de Braga, e à apelação que tinha feito sobre o assunto junto dos delegados pontifícios e do Bispo de Tui.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 171 fr. e 176 v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 372-373, doc. 15.

 Era M.ª CC.ª LXX.ª V.ª et quotum VIII.º kalendas decembris.

Notum sit omnibus quod ego Iohannes Laurencii, presbiter de Corneliana, recognosco ecclesiam Sancti Thome de Corneliana pertinere ad Capitulum Compostellanum pleno iure et renuncio iuri siquidem habui vel habeo in predicta ecclesia ex presentacione[39] concilii de Corneliana institucione domni archiepiscopi Bracarensis vel aliunde; et renuncio appellationi facte a me coram judicibus legionensibus a domino Papa delegatis in causa que inter me et Capitulum super eadem ecclesia vertebatur et appellationem quam feci coram Tudensi Episcopo quando Garsia Veremudi canonicus Conpostellanus causa rey servande misus fuit in possessione supradicta ecclesia nomine Capituli Compostellani.

Qui presentes: domnus Martinus Petri de Tudela, Iohannes Fernandi Rapatus, Martinus Fernandi Rapatus, Petrus Dias Petenia, Iohannes Martini, Petrus Iohannis, peliparius de Campo; Petrus Fernandi, Petrus Martini, presbiter de Circa; Iohannes Petri, filius domni Petri Iohannis de Moneta Nova.

Ego Martinus Iohannis, notarius concilii Compostellani iuratus, scripsi.

  [ 18 ]

1237.11. 24

– Os emissários enviados a Compostela pelo concelho de Correlhã reconhecem que a igreja de S. Tomé pertence de pleno direito ao Cabido de Santiago.

 A. C. Santiago, Tumbo C-1, fl. 70 v.º e C-2, fl. 176 v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 372, doc. 14.

 Era M.ª CC.ª LXXV.ª et quotum VIII.º kalendas december. Notum sit omnibus quod nos, Petrus Laurentii et Fernandus Gomecii et Iohannes Menendi et Petrus Menendi, misi a concilio de Corneliana a Capitulum Compostellanum, recognoscimus et confitemur nomine concilii et nomine nostri ecclesie Sancti Thome de Corneliana pleno iure ad Capitulum Compostelianum pertinere et renunciamos iuri, si quod habemus vel habebamus, in ecclesia prenominata.

Et si forte aliquis nostrum vel ipsum concilium vel aliquis de concilio contra recognicionem istam se<u> renuntiationem venerit pectet centum aureos veteres Capitulo Compostellano, scriptura ista nichilominus in suo robore permanente.

Qui presentes: domnus Martinus Petri de Tudela, Iohannes Fernandi Rapatus, Martinus Femandi Rapatus, Petrus Diaz Petenia, Iohannes Martini, Petrus Iohannis peliparii de Campo; Petrus Fernandi, Petrus Martini, presbiteri de Circa; Iohannes Petri, filius domni Petri Iohannis de Moneta Nova.

Ego Martinus Iobannis, notarius concilli Compostellani iuratus, de mandato Capituli Compostellani et predictorum Petri Laurentii et Fernandi Gomecii et Iohannis Menendi et Petri Menendi scripsi.

 

   [ 19 ]

1237.11. 25

João e Pedro Lourenço, respectivamente, recebem do Cabildo compostelano a igreja e o julgado de Correlhã.

 A. C. Santiago, Tumbo B, 151 v.º,

A. C. Santiago, Tumbo C-2, 176 v.º.- 177 fr.

      Publ.: Vieites-Ballasch, p. 373, doc. 16.

                Balasch (1979), p. 635, n.º 190.

Era Ma CCa LXXV et quotum VII kalendas[40] december. Notum sit omnibus quod ego Iohannes Laurencii, presbiter, recipio ecclesiam Santi Thome de Corneliana a vobis dominis meis Capitulo Compostellano in comenda; et iuro super sacrosanta Dei evangelia quod sim vassallus vester et obediens sine alio dominio et custodiam res et omnia iura ipsius ecclesie bene et fideliter, et quadocumque a me petieritis predictam ecclesiam restituam eam vobis in pace et sine aliqua contraditione. Et similiter ego Petrus Laurencii recipio iudicatum de Corneliana a vobis dominis meis in comenda sine alio dominio; et iuro similiter super sacrosancta Dei evangelia quod servem res et omnes directuras ipsius iudicatus nomine vestro, et si forte ipsum iudicatum a me petieritis ego restituam vobis in pace et sine aliqua contraditione.

Ego Martinus Iohannis, notarius Concilii Conpostellani iuratus, scripsi.

Ego Andreas Petri, notarius Compostellanus iuratus, viso et examinato diligenter present publico instrumento per dictum notarium Martinum Iohannis confectum, ut ex inspectione ipsius apparebat, feci ipsum in mea presencia translatari <et in isto> transumpto de mandato et auctoritate domni Alfonsi Iohannis, iudicis ordinarii Compostellani, subscripsi secundo die mensis augusti, era M.a CCC.ª L.a nona. Presentibus domno Fernando Iohannis, scolastico Compostellano, Nuno Gundisalvi et Gundisalvo Garsie, canonicis Compostellanis, ac nomine et signum meum consuetum apposui in testimonium premissorum.

  [ 20 ]

 1244.08.03, Santiago

D. Sancho I confirma à Igreja de Santiago as vilas de Correlhã e outras, e proibe qualquer "milles” de ter voz pelos homens dessas vilas, ou “maladia”, e de comprar alguma herdade foreira à mencionada igreja de Santiago.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 166 fr.

 Publ.: Vieites, p. 608-609, doc. 1.

 Sancius, Dei gratia Portugalie rex, omnibus meis riquis hominibus et omnibus aliis de regno meo ad quos littere iste pervenerint, salutem. Sciatis quod ego, pro remedio anime mee et intuitu Beati Iacobi Apostoti et amore domini Iohannis Arie Archiepiscopo, et Capituli compostellani, concedo et confirmo et ratas habeo omnes donationes quas pater et avus et proavus mei fecerunt ecclesia Sancti Iacobi in regno meo, et specialiter Cornelianam et Mouquim et Nugariam. Et mando quod ipsa ecclesia habeat Cornelianam et Mouquim et Nugariam et quicquid habet in regno meo i[t]a deffensum et paratum, sicut unquam melius habuit in tempore patris mei et avy et proavy. Et mando et deffendo quod nullus milles veniat ad cautos ipsius ecclesie tenere vocem hominis ipsius ecclesie; et quicumque hominum dicte ecclesie contra istam meam prohibicionem dederit vocem militi in cautos ipsius ecclesie pectet quingentos solidos; similiter milles qui receperit ipsam vocem et pectet quingentos solidos, mihi medietatem et Capitulo compostelano medietatem. Mando insuper quod nullus milles habeat maladiam ia cautis ecclesie supradicte nec comparet ibi hereditatem que sit foraria eiusdem ecclesie. Et ut ista mea concessio et confirmatio sit perpetuo duratura, cartam istam mandavi inde fieri et meo sigillo proprio sigillari.

Datum Compostelle, III die augusti, era M.ª CC.ª LXXX.ª II.

  [ 21 ]

1248.07.13, Ponte de Lima

– D. Afonso III confirma à Igreja de Santiago as vilas de Correlhã e outras, e proibe qualquer "milles” de ter voz pelos homens dessas vilas, ou “maladia”, e de comprar alguma herdade foreira à mencionada igreja de Santiago (repete o conteúdo da carta anterior).

A. C. Santiago, Tumbo B, fol, 276 fr.-v.º.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 166 fr.-v.º, 173 fr., 305 fr.

Publ.: Vieites, p. 609-610, doc. 2;

           Balasch (1979), p. 679, n.º 204.

Adefonsus, Dei gratia rex Portugalie et comes Bolonie, omnibus meis riquis hominibus et omnibus aliis de regno meo ad quos littere iste pervenerint, salutem. Sciatis quod ego, pro remedio anime mee et intuito Beati Iacobi Apostoli et amore domni archiepiscopi compostellani et Capituli compostellani, concedo et confirmo et habeo omnes donationes quas pater etiam avus et proavus mei fecerunt ecclesie compostellane in regno meo Portugalie, et recipo in mea guarda et in mea comenda et sub mea defensione quantum habet ipsa ecclesia Sancti Iacobi in regno meo, et specialiter Cornelianam et Mooquim et Nugueyra; et mando quod ipsa ecclesia habeat Cornelianam et Mouquim et Nugueyram et quidquid habeat in regno meo ita defensum et paratum sicut unquam melius habuit in tempore patris mei et avi et proavi mei. Et mando et deffendo quod nullus milles veniat ad cautos ipsius ecclesie, et quicumque hominum dicte ecclesie contra istam meam prohibitionem dederit vocem militi in cautis ipsius ecclesie, pectet quingentos solidos; similiter miles que receperit ipsam vocem pectet solidos, me medietatem et Capitulo medietatem compostellano. Mando insuper quod ullus milles habeat maladiam in cautis ecclesie supradicte nec comparet ibi hereditatem que sit forarie ecclesie eiusdem. Et ut ista mea concessio et confirmatio sit perpetue duratura, cartam istam mandavi inde fieri et meo sigillo proprio sigillari.

Data apud Ponte Limie, III.ª idus iulii, era M.ª CC.ª LXXX.ª VI.ª.

 [ 22 ]

1258.06.16, Guimarães.

D. Afonso III ordena ao concelho e aos alcaldes de Correlhã que reconheçam o senhorio do Cabido compostelano e dos seus representantes.

 A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 152 fr.-v.º.

                            Tumbo C, fl. 166 fr.-v.º

 Publ.: Vieites, p. 610-611, doc. 3.

            Balasch (1979), p. 773, n.º 231.

Alffonsus, Dei gratia rex Portugalie et comes Bolonie, vobis iudici et concilio de Corneliana. Sciatis quod Capitulum Sancti Iacobi mandavit se mihi arrancurare de vobis dicens quod vos non vultis plane recognoscere sibi vel vicario seu procuratori eius dominio de ipsa villa de Corneliana, quod mei antecessores sibi dederunt et concesserunt per cartas quod ego vidi. Unde mando vobis firmiter quod vos recognoscatis dito Capitulo vel eius procuratori seu vicario ipsum dominium et sitis eius vasalli et obediatis sibi tanquam vasalli domino. Et si aliquis contra hoc voluerit aliquis dicere, accipiat diem per adeante me cum dicto viccario et dabo utrique suum directum. Unde aliter non faciatis, sin autem credatis quod ego tornabo me pro me ad vos et faciat quod per directum fuerit faciendo. Et mando quod dictum Capitulum vel eius vicarius teneat istam meam cartam certam in testimonium et videam qualiter facitis pro mandato meo.

Datum in Vimarane, XVI.º die iunii. Rege mandante per Rodericum Petri superiudicem. Rodericus Petri fecit. Era M.ª CC.ª LXL.ª VI.ª.

  [ 23 ]

 [1258].07.16, Guimarães.

– D. Afonso III manda a Pedro Mendes que devolva à Igreja de Santiago as propriedades que tomara à força em Barros e, em geral, no couto de Correlhã.

 A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 152 fr.

 Publ.: Vieites, p. 611, doc. 4;

  Balasch (1979), p. 776, n.º 232.

  [Adefonsus?], Dei gratia rex, vobis Petro Menendi [...] salutem. Sciatis quod canonici de Sancto Iacobo dixerunt mihi quod vos filiastis eis quasdam hereditates suas et vineas et casas et molendina et faciatis eis multum malum et multam forciam in villa de Barros et in cauto de Corneliaa. Unde ego mando vobis quod statim visis litteris integretis eis totum quod filiastis eos per forciam et per tortum et corrigatis eum malum quod eis fecistis in cauto suo. Unde aliter non faciatis, sin autem a die in quo videris istam cartam meam usque ad tercium dem, sitis coram me respondere illis et facere directum per me, sin autem sciatis quod ego mandabo eos integrare.

Datum Vimarani, XVI die julii.

 [ 24 ]

 1258

– Inquirição no julgado de Correlhã.

 

T. T., Feitos da Coroa, Inquirições de D. Afonso III, livro 9, fl. 8. 

T. T., Leitura Nova, livro 52, Inquirições de entre Cávado e Minho.

Publ.: P.M.H. – Inq. Af. III, 1888, p. 342.

 In iudicato de Corneliana. Estes sum os dereitos que y ha elRey.

In collatione Sancti Thome. Nunus Menendi prelatus, Alfonsus Diaz iudex, Laurentio, Johannes Dominici, Petrus Pelaiz, Martinus Pelaiz, Domnus Gunsalvus, Petrus Martiniz, Petrus Martiniz[41], Petrus Fernandi, Domnus Stephanus, Johannes Martiniz, Petrus Pequeno, Petrus Menendi, Domnus Gometius, jurati,

dixerunt que el Rey non é padrom. Item, dixerunt que os omees deste davandito joigado vam in anuduva al Rey, et se fezerem caomia in terra devasa, pectan a, assi como é in seu uso et in seu custume. Item, estes davanditos omees ergem dantre si joiz, et outorga o Sancto Jacobo de Gallecia, et pois vam al Rey que o confirme.

Item, dixerunt que in este Couto jaz in Agro Messado I leira unde dam al Rey sesta de todo fructo que Deus y dá, et dam al Rey cada ano I frangao et X ovos, e chamam o mayordomo del Rey pora coler o pam, et levam no pam a Sancto Stephano.

Item, dixerunt que se o Cabidoo de S. Jacobo de Gallecia fazem algũa forcia a estes davanditos omees deste joygado, vam a joizo del Rey de Portugal e alza lis forcia.

Item, dixerunt que de Casal doneiro dam cada ano al Rey de todo renovo que Deus y dá, sesta, et dam de S. Johanne ataes S. Michael I frangao, X ovos, et chamam o mayordomo del Rey, el levam no pam ao celeiro de Baoco.

 [ 25 ]

 1260.07.18, Lisboa.

D. Afonso III manda a Martim Joanes, meirinho nas terras a norte do Douro, que proiba os seus funcionários e os dos concelhos de Ponte de Lima e de Cerveira de entrarem em Correlhã, e noutras localidades, para “chegar” os seus habitantes.

 A. C. Santiago, Tumbo B, a), fl. 276 v.º e b) fl. 153 fr.

 Publ.: Vieites, p. 612, doc. 5.

  Balasch (1979), p. 784, n.º 237.

  [Alffonsus], Dei gratia rex Portugalie, vobis Martin Iohannis, meyrino de ultra Dorium, salutem. Sciatis quod magister scollarum compostellanus venit ad me et dixit mei quod vos et vestri homines et portarii Ponte Limie et de Serveyra et maiordomus domni Gundisalvi Garcie, qui ambulat in terra de prope, intratis in suis hereditatibus de Corneliana et de Nogueyra et de Mouquim per ad chegandum homines de suis hereditatibus ad directum qui debent chegari per iudices et per maiordomos suos de ipsis locis. Et ipsi iudices et maiordomi ipsorum locorum stant parati et volunt chegare homines ad directum per forum et consuetudinem terre. Unde mando vobis quod vos nec vestri homines non intretis ia ipsas suas hereditates per ad chegandum ipsos homines pro directuris suis, pro quibus debent chegari per suos maiordomos et iudices de ipsa terra, nissi intraveritis ibi per ad iusticiam faciendum vel ad illum quod per directum munius debet ire et intrare. Similiter defendatis ipse portariis et ipsi maiordomo quod non vadant illuc chegare ipsos homines de ipsis locis ad directum et ad faciendum ibi pignorem, pro ipsis suis directuris, dum modo ipsi iudices et maiordomi ipsorum locorum voluerit eos ad directum chegare per forum et consuetudinem. Unde aliud non faciatis, si autem ego me tornabo pro me ad vos et pectavitis mihi quingentos solidos. Et mando quod ipse magister scollarum teneat istam meam cartam in testimonium.

Datum apud Ulixbone, XVIII die iulii. Rege mandante per Iohannes Stephani, locum superiudicis tenente. Roderico Petri fecit. Era M.ª CC.ª III.

  [ 26 ]

1265.04.27, Lisboa

D. Afonso III ordena ao pretor, ao povoador, aos alcaldes e ao concelho de Viana, que não permitam que os habitantes de Correlhã adquiram o estatuto de “vizinhos” fora do respectivo couto.

A. C. Santiago, Tumbo B, a) fl. 277 fr. b) 279 fr.-v.º e c) 280 fr., em mandado de Afonso III de 24 de Dezembro de 1268.

A. C. Santiago, Tumbo C, fls. 166 v.º - 167 fr., 168 fr.-v.º e 168 v.º-169 fr.

Publ.: Vieites, p. 613, doc. 6.

           Balasch (1979), p. 830, n.º 246.

 Adefonsus, Dei gratia Portugalie, vobis pretori et meo populatori, alcaldibus et concilio de Viana, salutem. Sciatis quod magister scollarum compostellanus venit ad me et dixit mihi quod homines de Corneliana vadunt filiare et reciperent vestram vicinitatem et per rationem de ipsa vicinitate ipse magister scollarum non potest habere de illos suos directos nec de aliis hominibus de suo cauto; et credatis quod quando ego dedi vobis forum de Viana non fuit nec est intentionis mee quod ego tolerem nec diminuerem in aliquo directum quod ecclesia compostellana habet in predicto cauto de Corneliana. Unde ego mando quod ipse magister scoIlarum habeat bene paratos totos suos directos de predictis hominibus, sicut eos habent melius paratos usque modo, et non embarguetis eos sibi per rationem de ipsa vicinitate, et mando vobis firmiter quod vos non pasetis magis contra eum super hoc. Unde aliter non faciatis, sin autem ego tornabo me ad vos et pectabitis mihi quingentos solidos, quia dixit mihi predictum magister scollarum quod quamvis iam vobis mostravit super hoc aliam meam cartam nichil fecistis pro ea, de quo multum miror. Et mando meo meyrino qui in ipsa fuerit quod non leixet ei facere forciam super hoc. Et ut videam quomodo meum mandatum facitis, mando quod predictum magister scollarum teneat istam notam.

Data Ulixbone, V.º kalendas maii. Rege mandante per Petrum Martini, vicemairdomus. Nuno Vincentii notuit. Era M.ª CCC.ª III.ª.

 [ 27 ]

1265.05.05, Lisboa

– D. Afonso III manda aos sacadores da anúduva no Entre Douro e Minho que a não cobrem aos homens dos coutos da Igreja de Santiago.

A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 69 v.º.

Publ.: Vieites, p. 614, doc. 7;

   Balasch (1979), p. 832, n.º 247.

 Alfonsus, Dei gratia rex Portugalie, vobis sacatoribus de mea annuduva inter Dorium et Minum, salutem. Sciatis quod magister Petrus, magister scollarum compostellanus, dixit mihi quod Nogueyra et Corneliana et Moaquim et Gondufi, quas tenet in prestimonium de ecclesia compostellana, inter Dorium et Minium, sunt cauta, et quod vos constringetis suos homines ipsorum locorum quod vadant ad annuduvam. Unde mando vobis firmiter quod vos non constringatis ipsos homines suis predictorum locorum quod vadant ad annuduvam, et leyxate eos stare in pace; et ego suam vicinitatem, si predicti loci sunt cauta, si non faciam illi illus quod videro pro directis. Et mando vobis quod si filiastis aliquid propter hoc ipsis hominibus predictorum locorum, quod integretis eis totum. Unde aliter non faciatis, si autem tornabo me per me ad vos et habebo de vobis queyxume. Et mando quod predictus magister scollarum teneat istam cartam.

Datum Ulisbone, V.º die madii. Rege mandante per domnum Iohannem de Avoyno, maiordomus curie. Iacobus Iohannis, notarius. Era M.ª CCC.ª tercia.

  [ 28 ]

1267.08.03, Lisboa

D. Afonso III proibe os casteleiros de Melgaço e de Chaves de cobrarem anúduva nos coutos da igreja de Santiago.

 A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 279 fr.

 Publ.: Vieites, p. 615, doc. 8;

  Balasch (1979), p. 837, n.º 250.

 [Alfonsus] Dei gratia rex Portugalie, vobis meis castellariis de Melgaço et de Chaves, salutem. Sciatis quod vicarii et Capitulum compostellane ecclesie missit mihi dicere quod vos et mei portarii qui sacant meas annuduvas per ad meos castelos de Melgaço et de Chaves, et intratis in cauta sua, quod babent in meo regno, et tiratis ibi annuduvam contra unam meam cartam quam dicunt quod dedi magistro scollarum ecclesie supradicte per quam mandavi quod non intrarent eis in cauta sua per ad tirandum ibi annuduvam, quocumque ego irem ad ipsa cauta et viderem utrum essent cauta vel non. Unde mando vobis et dictis meis portariis quod videatis dictam meam cartam quod dicunt dedi supradicto magistro scollarum et teneatis dictum Capitulum et homines suos de ipsis cautis ad ipsam meam cartam, et faciatis eis super ipsius annuduvis sicut inveneritis quod continetur in ipsa mea carta. Unde aliter non faciatis, sin autem tornabo me pro me ad vos et habebo de vobis queyxume. Et mando quod dictum Capitulum vel aliquis pro eo teneat istam cartam.

Datum Ulixbone, III.ª die augusti. Rege mandante per domnum Iohannem de Avoyno, maiordomum curie, et per Alfonsum Suerii, superiudicem. Iacobus Iohannis notuit. Era Mª CCCª Vª.

  [ 29 ]

 1268.03.09, Leiria

D. Afonso III ordena ao meirinho mor entre o Cávado e o Minho que faça cumprir tudo o que anteriormente havia outorgado a favor da Igreja de Santiago, em Correlhã e noutros lugares.

A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 281 fr.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fls. 171 fr.-v.º e 171 v.º-172 fr.

Publ.: Vieites, p. 616-617, doc 9.

 Balasch (1979), p. 839, n.º 251.

 Adefonsus, Dei gratia rex portugalensis et Algarbii, vobis Nuno Martini, meo meyrino maiori, vel illi qui in loco vestro fuerit inter Cadavum et Minium, salutem. Sciatis quod vicarii et Capitulum ecclesie compostellane miserunt mihi dicere quod ipsi tenent de me unam cartam per quam ego concessi, confirmavi et ratas habui omnes donationes quas pater meus et avus et proavus mei fecerant ecclesie compostellane, in regno meo portugalense, et per quam recepi in mea guarda et in mea commenda et sub mea deffensione quantum habet ipsa ecclesia Santi Iacobi in regno meo, et specialiter Cornelianam et Gondufi et Mooquin et Nogariam, et per quam mandavi quod ipsa ecclesia habuerit Cornelianam et Gundufi et Mooquin et Nogariam et quidquid habebat in regno meo, ita defensum et paratum sicut unquam melius habuerat tempore patris et avi et proavi mei, et per quam mandavi quod nullus milles venerit ad cautos ipsius ecclesie tenere vocem hominis ecclesie, et quod quicumque hominum dicte ecclesie contra istam meam deffensionem daret vocem militi in cautis ipsius ecclesie, pectaret quingentos solidos; similiter milles qui receperit ipsam vocem pectaret quingentos solidos, mihi medietatem et Capitulo compostellano medietatem; per quam etiam mandavi quod nullus baberet maladiam in cautis ecclesie supradicte nec comparet ibi hereditatem que esset forariam eiusdem ecclesie. Et quod aliqui homines de ipsis cautis et multi milites de ipsa terra veniunt contra dictam meam cartam non timendo me nec observando meum mandatum, unde mando vobis firmiter quod, si vobis fuerit ipsa meam carta ostensa, quod vos deffendatis ecclesiam compostellanam in omnibus que in ipsa carta continentur et faciatis eis corrigere omnia que inveneritis tam ipsi homines quam etiam milite, si fecerint contra illa que continentur in ipsa carta. Et si inveneritis quod aliquis vel aliqui britaverint ibi mea incauta, veniendo contra ipsam cartam, levati ei pro ad me. Unde aliud non faciatis, si autem perdatis pro inde meam gratiam et bonum quod de me tenetis. Et mando quod dicti vicarii et Capitulum supradictum teneant istam cartam in testimonium, aut aliis pro eis.

Datum Leyrenae, IX.ª die marcii. Rege mandante per Alfonsum Suerii, superiudicem. Iacobus Iohannis notuit. Era M.ª CCC.ª VI.ª.

 [ 30 ]

1268.12.22, Coimbra

– D. Afonso III proibe qualquer milles, scutifer, dona ou clérigo, de tomar voz dos homens de Correlhã, e de outros lugares, assim como a prática do amádigo e da maladia, e a aquisição de propriedades por parte de quem não pague os direitos à igreja de Santiago.

A. C. Santiago, Tumbo B, a) fls. 276 v.º-277 fr., b) 280 v.º-281 rº e c) 281 v.º.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, a) fls. 167v.º-168 fr.; b) 171 fr. e c) 307 fr.-v.º.

Publ.: Vieites, p. 617-618, doc. 10.

 Balasch (1979), p. 842, n.º 252.

 Adefonsus, Dei gratia rex Portugalie et Algarbii, omnibus meis riquishominibus et omnibus aliis hominibus de meo regno ad quos littere iste pervenerint, salutem. Sciatis quod ego, pro remedio anime mee et intuitu Beati Iacobi Apostoli et amore vicariorum et Capituli compostellani, concedo et confirmo et ratas habeo omnes donationes quas pater et avus et proavus mei fecerunt ecclesie compostellane, in regno meo Portugalie, et recipio in mea guarda et in mea commenda et sub mea defensione quantum habet ipsa ecclesia Sancti Iacobi in regno meo Portugalie, et specialiter cauta sua, videlicet Cornelianam et Gondufi et Mouquim et Nogariam. Et mando quod ipsa ecclesia habeat Cornelianam et Gondufi el Mooquim et Nogariam et omnia que habent in regno meo Portugalie ita defensum et amparatum sicut unquam menus habuit. Et mando et defendo quod nullus milles nec scutifer nec dona nec clericus veniat ad predicta cauta ipsius ecclesie tenere vocem hominis ipsius ecclesie; et quicumque de hominibus ipsius ecclesie contra istam meam prohibitionem dederit vocem militi vel scutifero vel done vel clerico in predictis cautis ipsius ecclesie, pectet quingentos solidos, et similiter miles vel scutifero vel done vel clerico qui receperit ipsam vocem, pectet quingentos solidos, mihi medietatem et Capitulo compostellano medietatem. Et similiter mando et defendo, sub pena supradicta, quod nullus clericus vel prior de illis qui morantur in cautis supradictis sit ausus criare filium vel filiam alicuius militis nec scutiferi nec done in ipsis locis, nec ducere ibi milites nec scutiferos nec donas nec clericos ad aliquam rem per quam posset me venire dampnum ecclesie compostellane. Mando insuper et defendo, sub pena supradicta, quod nullus milles nec scutifer nec dona nec clericus habeat maladiam nec amadigos nec collacios in supradictis cautis ipsius ecclesie, qua pena soluta vel non soluta nihillominus sit firma prohibitio supradicta; nec aliqua persona supradicta comparet nec geniet ibi hereditatem, nec etiam alius homo potens, nisi sit talis ille alius qui faciat ecclesie supradicte totum suum forum et totum suum directum, nec in aliis hereditatibus que sint forarie eiusdem ecclesie. Et quicumque de personis hereditatem ibi comparaverit vel ganaverit contra istam meam probibitionem, perdat eam et illud quod ea dederit; et similiter qui eam vendederit vel dederit vel alio modo alienaverit alicui de personis supradictis perdat eam et restituat ecclesie compostellane quantum pro ea receperit, et insuper ecclesia compostellana det ipsam hereditatem sive hereditates ad populandum sicut dat alias hereditates suas proprias de ipsis locis. Et ut ista mea concessio et confirmatio et receptio et prohibitio sit perpetuo duratura, cartam istam mandavi inde fieri et meo sigillo sigillare.

Datum Colimbrie, XXII die decembri. Rege mandante, Iohannes Vincentii, notuit. Era M.ª CCC.ª sexta.

 [ 31 ]

1268.12.24, Coimbra

– D. Afonso III ordena aos alcaldes e ao concelho de Viana que não permitam que os habitantes do couto de Correlhã adquiram o estatuto de vizinhos no referido concelho.

A. C. Santiago, Tumbo B, a) fls. 277 fr., b)279 fr.-v.º e c) 280 fr.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fls. 166 v.º -167 fr., 168 fr.-v.º, 168 v.º, 169 fr.

Publ.: Vieites, p. 619, doc. 11;

           Balasch (1979), p. 845, n.º 253.

 Adefonsus, Dei gratia rex Portugalie et Algarbi, vobis pretori et meo populatori et alcaldibus et concilio de Viana, salutem. Sciatis quod vicarii et Capitulum ecclesie compostellane miserunt mihi mostrare unam meam cartam cuius tenor talis est

(Insere mandato de 27 de abril de 1265. Vid. supra).

Et ipsi vicarii et Capitulum supradictum miserunt me dicere quod vos non observatis eis illas res que in predicta mea carta continentur, sicut vobis mandavi, de quo multum miror. Unde mando vobis firmiter quod vos aguardetis et compleatis eis omnes res que superius contente sunt. Et mando vobis quod non sustineatis quod illi qui se faciunt vestri vicini, ut supra dicitur, nec aliis quibus dant suas hereditates ad laborandum in suo cauto supradicto quod minguent eisdem vicariis et Capitulo aliquam rem de suis directuris, et quod non sustineatis quod si facerint calumpniam aut vocem in dicto sua cauto quod defendam se per vestram vicinitatem set respondeant per suum iudicem et per suum maiordomum sicut alii qui morantur ia ipso suo cauto. Unde aliter non faciatis, si autem pectabitis mihi quingentos solidos et faciam vobis pro inde tam quam illi qui non faciunt mandatum domini sui, et faciam eis corrigere de vestris censis totum dampnum quod inde eis evenerit. Et mando quod ipsi vicarii et Capitulum teneant inde istam cartam.

Datum Colimbrie, XXIIII die december. Rege mandante per Alfonsum Suarii, superiudicem. Iacobus Iohannis, notuit. Era M.ª CCC.ª VI.ª.

  [ 32 ]

1280.07.11, Ponte de Lima

D. Dinis ordena ao casteleiro e ao porteiro de Monção que não cobrem anúduva aos moradores dos coutos de Correlhã, Mouquin, Nogueira e Gondufe, enquanto não averiguar se esses coutos pertencem à Igreja de Santiago.

A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 277 fr.-v.º.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 167 fr.

Publ.: Vieites, p. 620, doc. 12;

 Balasch (1979), p. 851, n.º 257.

 Don Denis, pella gracia de Deus rey de Portugal e do Algarbe, a vos meu casteleyro e ao meu porteyro de Monçom, saude. Sabede que o Cabidoo de Santiago mi mandaron dizer que Nogeyra e Cornelãa e Mouquin e Gondufe que son coutos de Santiago. Unde vos mando que vos non constrengades os seus homeens dessos lugares que vaam a anudava e leyxadeos estar en paz, e eu sabrey a verdade se esses seus lugares son coutos, se non eu farey y aquelo que echar por dereyto; e se a essos homeens seus desses lugares algũa cousa fillastes por esta razon, entregade lo todo. Unde al non fagades, e se non a vos me tornarey por ende. E mando que esse Cabidoo teña esta carta.

Dada en Ponte de Limia, XI dias de iulio. El rey o mandou per dom Nuno, seu moordomo, e pello chanceller. Alfonso Martin a fez. Era M.ª CCC.ª XV.ª III.ª.

  [ 33 ]

1282.01.19, Compostela

João Eanes, em seu nome e no de sua mulher, faz um contrato com Pedro Fiel, cantor da igreja de Santiago, em que reconhece ter do Cabido de Compostela casas, uma eira e uma cortinha, as quais ele próprio edificou, junto a Ponte de Lima, e uma herdade em Correlhã, para que ambos a tenham durante a sua vida e à sua norte sejam devolvidas ao referido Cabido.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 169 fr.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 376-377, doc. 19.

 Era M.a CCC.ª XX.ª et quotum XIIII kalendas februarii. Notum sit omnibus quod ego Iohannes Iohannis, dictus de Marino de Ponte Limie, nomine nostro et uxoris mee domne Marinne, facio pactum et placitum firmum in D morabitinos roboratum vobis domno Petro Fidelis, cantori, tenenti vices decani et Capitulo Compostellani, ita quod ego confiteor me tenere et possidere a vobis et nomine vestro omnes domos et aream et cortinam de Mongoy, apud villam Pontis Limie, quas confiteor me hedificasse in fundo, et hereditate vestra de cauto vestro de Corneliana et que sunt vestre. Et vos Capitulum Compostellanum datis et conceditis eas mihi ad tenendum de vobis et nomine vestro in vita mea et dicte uxoris mee et ad mortem meam et dicte uxoris mee predictas domos et cortinam et aream ad vos ipso iure et ipso facto libere devolvantur sine aliquo inpedimento vocis mee quam semper debeo dare ad concessionem istius instrumenti et quod nunquam ipsa nec ego veniamus contra hoc per me et per omnia bona mea habita et habenda que vobis propter hoc specialiter obligo et in iure et in minum[42] mitto per presens instrucmentum et super premissas renuncio omni iuris ausilio tan canonici quam civilis et constitucionibus et consuetudinibus et foro regni Portugalie et omnibus litteris inpetratis vel inpettrandis et etiam omnibus aliis que pro me et pro dicta uxore mea facere possum super premissas contra vos.

Auctum fuit hoc in Capitulo Conpostellano congregato in loco consueto per pulsacionem campane, predicta die et era in presencia mei Dominici Petri, publici notarii Conpostellani, ad hoc adhibiti et testium subscriptorum ad hoc vocatorum.

Presentibus: dicto cantore, Petro Bonethe, Petro de Deo et Adefonso Petri, cardinalibus; M. Petri, B. Petri, F. Fructuosi, P. Stephani, Iohanne Petri de Auria et Iohanne Petri de Tuda et F. Gundisalvi, canonicis Conpostellani; Sancio Petri, clerico; Petro Martini de Ferrariis et Fernando Iograr, repositariis, et pluribus aliis.

Ego Dominicus Petri, notarius Conpostellanus iuratus, interfui et confirmavi et in mea presencia feci scribi per Rodericum Fernandi infrascriptum.

Ego Rodericus Fernandi de mandato Dominici Petri, notarii Conpostellani iurati, scripsi.

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1288.01.28

– Miguel Peres de Barros, com sua mulher, faz um prazo com Miguel Estévanez cónego de Santiago, tenceiro da tenência das ceias do cabildo, pelo qual receberá, durante as vidas do cónego e do foreiro, os moinhos que o Cabido de Santiago tem em Barros, no rio Trovela, com a sua represa e levada, e uma vessada próxima, devendo pagar, durante os primeiros anos, três maravedis anuais pelos moinhos e, nos seguintes, metade daquilo que renderem e um terço do fruto da vessada, dois capões, vinte ovos e um alqueire de vinho.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 170 fr.- v.º. Cópia feita pelo notário de Ponte de Lima André Martinz, em 25-05-1291, das “notas” do notário da mesma localidade Pedro Estevanez.

Publ.: Vieites-Ballasch, p. 378-379, doc. 21.

 In Dei nomine, amen. Conuscuda cousa seia a quantos este strumento virem et leer ouvirem que en presença de min André Martiz, público tabaliom en Ponte de Limha, e das testemuynhas que adeante som escriptas, Pero Fernandez, abade da yglesia de Santiago de Nugueyra et procurador de dom Pero Estevanez, coengo de Santago, pidiu a min ia dito tabaliom que poys Pero Stévanez, que foy tabaliom de Ponte, era morto que eu catasse entre as notas dos registros que forom do dito Pero Estévanez, tabaliom, alguuns plazos que dizía ca hy tiina o sobredito dom Pero Estevanez, coengo de Santiago, et los desse com meu sinal porque dizía ca nunca os esse dom Pero Estevanez ouvera do dito tabaliom. Et eu André Martiz, tabaliom sobredito aa petiçam desse Pero Fernandez catey huum registro que o dito Pero Estevanes, tabaliom, tiina a tempo de sa morte. Et ontre as outras notas que en esse registro eran conteudas era y conteuda hũa nota feyta en tal maneyra:

Era Mª CCCª XXVIª, V dias ante kalendas fevereyras. Sabbam todos quantos este strumento virem que nos Migell Peres de Barros et minha molher Dominga Martinz fazemos pleito et plazo a vos dom Pero Estévanez, coengo de Santiago, teenceyro da teença das ceas do Cabidoo desse meesmo logar, assí que nos recebemos de vos aquelles moynhos que som do Cabidoo que estam en Barros, no rio de Torvela, ontre a mota da torre e o monte, os quaes tevo dom Onorigo en seus dias, et a vessada do Cabidoo de so o ameal, en tal maneyra que vos me dades esses mohynhos et vessada a teer en vossos dias e ennos meus de min Migell Peres tam solamente, et nos devedes a fazer et refazer esses moynhos et a presa et a levada de todo lavor que lles mester for; e devemos a dar ao Cabidoo cada anno bem e fielmente passados estes dous annos que se começarán por dia de Sam Ioane de iuyho primeyro que vem a meadade de todallas coussas que esses moynhos gaanarem et poderiam gaanar; et en estes dous annos de suso ditos devemos a dar delles tres moravedis cada anno como nos damos et devemos a dar cada anno a terça do froyto da vessada de suso dita en salvo et dous capões e XX ovos e huum alqueyre de viño cada anno ao Cabidoo. Et se eu Migell Peres morrer ante ca vos, mī moller e mīa voz tenhan esses mohynnos et essa vessada de susso ditas et esta maneyra de susso dita e aa morte do que postrimeyramente de vos dom Pero Estevanes ou de min Migell Peres morrer, esses mohynnos et essa vesada fiquem moy bem lavrados et adubados de todo lavor per nossa custa ao Cabidoo de Santiago; et en nosso tempo non devemos a arendar nen dar nen enalhear en nehũa maneyra esses mohynnos et essa vessada se non a vosso vassalo do vosso couto de Cornelaa que vos possa fazer et conprir todas estas coussas de suso ditas. Et todas estas coussas prometemos a bōa fe e per juramento que ende fazemos en mãos de vos tabaliom a conprir et guardar cada huum per lo todo.

Et se o assi non conprirmos ou contra esto veermos en algũa coussa ho Cabidoo fille seus mohynnos et sua vassada et faça delles sa voontade, et pennorarnos por la pēa iuso escripta de cem moravedis velhos et lévea. Et pera todas estas coussas conprir et aguardar damos a vos fiador et devedor nosco cada huum pello todo Martin Eanes de Barros, que he presente et outorga per si et per todas suas bõas.

Das quaes cousas som testemoyas: Fernan de Caldas, Johan de Barco e Pero Fernandes de Nugeyra, clérigos; Garcia Eanes da Aamha et Sueyro Afonso de Mantelles, cavaleiros; Martin Estévanez da Mãoa[43] et outros moytos.

Et eu André Martiz, tabaliom sobredito, aa petiçom do dito Pero Fernandez este estromento pella dita nota escriví, XXV dias de mayo da era M.ª CCC.ª vicessima nona.

Que presentes forom: Fernáan Martiz et Martin Giraldiz, tabaliões de Ponte; Duram Peres, mercador dessa villa, et Johan de Barco, clerigo, et outros.

Et eu André Martiz, tabaliom de Ponte, que este estrumento scrivi et meu sinal hy pugy en testemoynho de verdade que est tal.

  [ 35 ]

 1293.06.09, Sá (Correlhã)

Domingos Peres do Pedroso, da Correlhã, contrata com o cónego de Santiago Pedro Estévanez diversas obras, que se detalham, na igreja de Santiago, no lugar de Sá, por dezoito libras portuguesas velhas, devendo dá-las por concluídas pelo S. Martinho desse mesmo ano.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 170 v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 379-380, doc. 22.

 Sabeham todos quantos este strumento virem et leer ouvirem que en presenca de min André Martiz, público tabaliom en Ponte de Limiha, et das testemoyas que adeante som escriptas, Domingos Peres do Pedroso de Cornelhaa outorgou et prometeu a dom Pero Estevanez, cooengo de Santiago, que el refaça aquella parede da yglesia de Santiago de Saa en aquelles lugares que e devisado antr’eles por ante homees bõos et perante min ia dito tabaliom que a enderece bem assi com’é devisado et que madeyre a yglesia de tres traves boas de casthano com sas asnas bem regeas de guissa que non pandegem por mingoa de borrecos e de VIII.º cabros castanhos senos de sobrellas paredes, que a de dar dom Pero Estevanez ende oyto de velhos que y a et de ripias que a non dem et déve a aa lavrar bem de toda madeyra de cumeeyras que deve a dar dom Pero Estévanez, e a madeyra velha ficar toda por de dom Pero Estevanez tam bem das tulhas commo da yglesia, salvo os sobreditos oyto cabros que ende deve a filhar Domingos Peres pera sobre las paredes et dom Pero Estevanez[44] deve a dar a prigadura do ferro que ouver mester enna dita yglesia et ennas portas della. Et o dito Domingos Peres deve a fazer per sua custa quanto é de madeyra aquellas duas portas dessa yglesia que lle som devissadas com viras et com fiees, o qual lavor o dito Domingos Peres deve a fazer por XVIII.º libras portuguesas velhas que recebeo do dito coengo, et déve o a dar bem feyto et bem enderençado commo sobredito he ata dia de Sam Martiño este primeyro que vem so pēa do dobro do preço que recebe.

Isto foy feyto enno dito lugar de Saa, IX dias de iunio, era de mille et CCCos et triinta et huun anno.

Que presentes forom: Fernan Estévanez, irmãao do dito cooengo; Pero Fernandes de Nugueyra, Johán Moogo de Salvaterra et Johan Martiz, dito de Barco, clérigo; o Stevão Martiz; dito Galou, escudeiro, et outros.

Et eu André Martiz, tabaliom de Ponte que este estrumento escrivi en el meu sinal pugy.

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 1295.06.24, Correlhã (átrio da iglesia de S. Tomé)

Acta notarial em que se regista que Pedro Fernandez de Nogueira, procurador do cónego compostelano Pedro Estévanez, pede a entrega da renda correspondente ao ano em curso e aos seis anteriores, a Martim Peres, pároco de Correlhã, que se nega a fazê-lo, alegando que só a daria directamente ao cónego, pois, ao contrário do que disse o referido procurador, não consta que o tenham maltratado quando ali esteve anteriormente.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, 173 v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 380-381, doc. 23.

 In Dei nomine, amen. So era de mille et trezentos e XXX.ª III annos, sesta feyra, dia de Sam Ioane Baptista, convem a saber XXIIII dias andados de iunho. Sabeam todos que en presença de min André Martiz, público tabaliom en Ponte de Limha, et das testemonyas que adeante som escriptas, Pero Fernandes de Nugeyra, clerigo et procurador de dom Pero Estevanes, coengo de Santiago et teenceyro da teença das ceas do Cabidoo desse lugar, en voz et en nome do dito coengo foy aa fiigrisia de Sam Tomé de Cornelhãa et disse et frontou a Martim Peres, abbade dessa yglesia, que lle desse a colleyta que dezia que dessa yglesia avia de dar ao dito dom Pero Estevanes deste anno presente que se ora acimava por este Sam Ioane et outrosi que lle desse a colleyta de VI annos traspasados ante este anno sobredito que ende o dito coeengo ouvera d’aver. Et entón o dito Martim Peres disso que el non era teudo de dar ao dito Pero Fernandes colleyta deste anno nem dos outros sobreditos en nome do dito coengo se non como fosse de dereyto, ca dezia que nehuun iantar que esse coengo avia d’aver da dita yglesia quando veese ao couto de Cornelaa, que llo daria enno tempo que y veesse ao dito couto assi commo os abbades que foram d’ant’el husaram a dar aos outros teenceyros et commo elle meesmo dera a esse coengo agora enno seu tempo des que fora abbade, quando el veera ao dito couto, mays que en outra maneyra non era teudo de llo dar, salvo commo fosse de dereyto. Et enton o dito Pero Fernandes disso que esse cooengo nan ousava viir tomar aa dita yglesia aquella colleyta ou procuraçom[45] que lle ende avia aa dar por temença que dizia ca avia por razom que veera ia hy outra vez e le fezeram y mal e desonra et viltança de guissa que a non podera tomar nen receber así commo devia. Et entón o dito Martim Peres disso que lle non fezeram y mal nem desonra nem querría fazer, mays que quando o dito coengo veesse per pessõa que lle daria el aquello que lle ende ouvessem aa dar de dereyto asi commo era husado e acuustumado.

Et esse Pero Fernandes pedeu a min ia dito tabaliom que destas coussas le desse este público estrumento.

O qual foy feyto enno adro da dita yglesia de Cornelhaa no dia et en a era sobreditos.

Que presentes forum: Macias Peres, home de dom Pero Estevanhes; Pero Lourenço et Stevo Martiz, clerigos de Cornelahaa, et outros.

Et eu André Martiz, público tabaliom en Ponte de Limha, que este estrumento escrivi et meu sinal y pugy.

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 1301.12.08. Sá (Correlhã)

Perante o notário de Ponte de Lima, o pároco de S. Tomé de Correlhã, Martim Peres, entrega a Don Pedro Estévanez, cónego de Santiago, doze libras portuguesas, como renda do ano em curso, e promete pagar-lhe a dos sete anos ainda em dívida.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 174 v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 381, doc. 24.

 Sabeam todos quantos este strucmento virem <e> leer ouvirem que en presença de min André Martiz, público tabaliom en Ponte de Limiha, et das testimunhyas que adeante som escriptas, seendo en aquel lugar de Saa, que he do Cabidoo de Santiago, enton dom Pero Estevanes, coengo de Santiago, et teenceyro da teença das ceas do Cabidoo desse mesmo lugar, pedeu a Martim Peres, abade da yglesia de Sam Thome de Cornelaa, que lle desse a colleyta lle devia a dar dessa yglesia por razom da dita teença. Et enton esse abade falou com esse dom Pero Estevanes et com outros hommes bõos que y siiam et aveose com el por razom dessa colleyta deste anno que ora anda desta viinda do dito coengo et deu le por ella doze libras de portugaeses velhos. Et o dito dom Pero Estevanes recebeu essas XII libras por razom da dita colheyta desta viinda et protestou que lle ficasse a salvo ennos outros annos adeante de a yr tomar aa yglesia de Cornelaa quando lhi mester fosse, assi commo era de dereyto. Et outrossi frontou esse coengo que lhi a salvo pera demandar as outras colheytas que dezia que devia a aver da dita yglesia de sete annos traspasados que dizia que a ende non ouvera. Et enton o dito abade disso que quando a el quissese yr tomar essa colheyta aa yglesia que lla daria de bõamente assi commo fosse de dereyto. Et outrossi disso que se per ventura o dito Pero Estevanes quissesse fazer demanda de colheytas algũuas do tempo traspasado lhi ficasse a salvo pera defender a dereyto.

Et enton o dito dom Pero Estevanes pedeu a min tabaliom sobredito que lhi desse este estrumento das frontas que fazo.

Esto foy feyto en Saa, VIII.º dias andados de dezenbro, era de mille et CCC.os et XXX.ª VIIII.e annos.

Que presentes forum: Fernan Gonçalvez de Mesias, Pero Vidal, tabaliom de Ponte; Johan de Barco et Domingos Peres do Pedroso, clerigos, et outros.

Et eu André Martiz, público tabaliom en Ponte de Limha, presente foy et este estrumento escrivi et meu sinal y pugy en testemoyo de verdade que est tal.

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 1324.06.10, Santarém

D. Dinis ordena ao concelho de Correlhã que, depois de eleger o juiz, peça a respectiva confirmação ao Arcebispo de Santiago, e que nomeie um "homem cordo", que com o juiz de Valença vá a Compostela ver os documentos referentes aos privilégios que a igreja de Santiago tem em relação à Correlhã.

A. C. Santiago, Tumbo B, a) fls. 150 v.º-151 fr., b) 273 v.º -274 v.º .

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fls. 342 v.º-343 fr., em carta aberta de 20 de setembro de 1335 (Vid. doc. de 1335.09.20, Coimbra).

 Publ.: Vieites, p. 620-622, doc. 13.

   Balasch (1979), p. 1111, n.º 330.

Dom Denis, por la gracia de Deus rey de Portugal e do Algarve, a vos concello de Cornelhaa, soude. Sabede que dom frey Berenguel, arcibespo de Santiago de Galiza, e o Cabidoo desse logo m’enviaron mostrar per Jacome Pérez, clérigo do dicto arcibespo e reçoeiro d’essa iglesia de Sanctiago, teor de dous privilegios soescritos no fondo d’Andres Pérez, que se dezia tabelion d’essa villa de Sanctiago, hun del rey don Fernando, rey que fuy de León, no qual era conteudo que confirmava as doações que foron fectas dos outros reys que ant’el foron, no qual era contiudo entre as outras causas que dava jurisdiçon ao dicto arçobispo e Cabidoo en esses lugares de Cornelhaa. Eno outro teor era conteudo que dom Anrrique, conde de Portugal, confirmava as doaçõess que os reys fezeron aa igresia de Sanctiago, e dezia que quando o concelho d’essa vila elegian seu juyz que van por la confirmaçon ao dicto arçobispo e Cabidoo, e que passava per gran tempo que estaban esbulhados d’esto, e pidianme por mercee que vise os dictos privilegios e cartas dos meus antecessores, e que lhos quisesse aguardar commo en elles conteudo; e mandey veer os dictos privilegios. E por que por elles parece que tal jurisdiçon come esta devia seer do dicto arcibespo et Cabidoo, e como quer que pelo direito do mundo podesse seer trastenpado por que foron negrigentes de mandar este, per quanto he con de Deus, pois o dicto arçobispo e Cabidoo fazian certos que era o direito seu e quanto e o de Deus e razon delhi non poer este embargo, tenho por bem e mando a vos, concelho de Cornelhaa, que quando veer tempo d’eleger vosso juyz que o elegades commo soedes de fazer, e ide pola confirmacon ao dicto arcibespo e Cabidoo, e pera esto non tolha todo o outro meu dereito, tam bem d’apelaçon commo d’outra razon cualquer que eu ey en esse logo de Cornelhaa. E porque eu non aia razon de queer a os teores d’esses privilegios non me mostrando os originães d’eles, e este seu clerigo mi disse que os non podia caad uez por muytos perigoos que hi avua que recavan de se perder esses privillegios, mando vos que ante que façades esta que vos eu mando que catedes un home cordo e enviade o que vaa aa dicta vila de Sanctiago con Stevan Reymondo, meu scrivan en Valença, a que eu mando que vaa hy e que leven estes teores d’esses privilegios que vos mando, çarrados e seellados dos seelos da minha audiencia, e que veia esse meu escrivan esses teores con os originaes que o dicto arçobispo e Cabidoo teen; e se esse meu escrivan achar que esses teores son taes commo esses originaes e vos esse meu escrivan fezer certos per sy que taes son os sobredictos teores commo esses originaes e per alguna escriptura d’alguuns tabeliones d’essa villa de Sanctiago, vos d’i adelante fazede pela guisa que vos mando.

En testemoya desto dei ao dicto arçobispo e Cabidoo esta carta.

Datum en Santarem, dez dias de junho. El rey o mandou, Gil Martinez, a fez[46]. Era de mil e trezentos saseenta dous annos. El rey a vio. S.

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 1324.12.31, Valença

– O escrivão de D. Dinis em Valença, Estêvão Raimundo, de acordo com o mandato de El-Rei, ordena ao concelho de Correlhã que escolha um homem bom que vá com ele a Santiago para ver os originais dos privilégios que tem o Cabido compostelano.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 273 fr.- v.º.

A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 273 fr.-v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 381-382, doc. 25.

            Balasch (1979), p. 1122, n.º 333

Ao concello et homees boos do couto de Cornelhaa, de min Stevoo Reymondo, scrivam del rey, soude et bõa ventura.

Faço vos a saber que eu recebi hua carta de nosso sennor el Rey en que me manda dizer que o Arcibispo et Cabidoo de Santiago de Galiza lle enviaron mostrar huuns traslados de privilegios en que se contīīna en commo lles fora dado esse couto de Cornellaa con toda sa jurisdiçom et el que tevera por bem de lles mandar guardar os ditos privilegios et feyto da confírmaçom do juyz desse couto, segundo he contiudo enno privilegio et carta que lles ende nosso senhor el Rey mandou dar, de que vos envio o traslado por tabeliom. Et porque enna carta el rey manda que eu vaa veer a Santiago se son taes os originaes os privillegios commo os traslados que lle o procurador do dito Cabidoo mostrou, porque eu quero obedecer ao mandado de nosso sennor el Rey et estou de camino pera yr a Santiago, porque o tempo de esliiçom desse juyz desse couto se chega, mando vos de parte del Rey que escollades huum home boo d’ontre vos e que o enviedes logo en guisa que seia aqui en Valença conmigo esta quinta feira primeira que ven que vaa comnigo a Santiago veer os ditos privilegios, segundo el Rey manda, e o procurador do Cabidoo lle fará a custa. Et otrossi mando vos de parte del rey que vos soffrades de fazer agora a esliiçom do juyz ata o primeyro dia de fevereiro que vem porque eu e esse home possamos yr veer os privilegios e fazer vos certos en commo devedes a fazer daqui adeante en feyto desse julgado, segundo el rey manda.

Dada en Valença, o postremeyro dia de dezembro, era de mill e CCCLXII.ª annos.

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 1325.01.01. Mourelo (Correlhã)   

Leitura, na Correlhâ, perante o notário de Ponte de Lima, das cartas de El-Rei D. Dinis e do escrivão de El-Rei em Valença, Estêvão Raimundes, sobre a ida a Santiago, para ver os privilégios referentes à mencionada localidade.

A. C. Santiao, Tumbo C-2, fl. 274 v.º.

A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 274 v.º.

 Publ.: Vieites-Ballasch, p. 382-383, doc. 26;

            Balasch (1979), p. 1124, n.º 334.

Sabham todos que en presença de min, Affonsso Martiz, publico tabelliom de Ponte de Limha e das testemoyas que adeante son escritos, estando no couto de Cornelhaa, enno logar que chamam o Mourello, a par da carra[47] desse logo hu é duso de fazerem concelho do dito couto, et enton, estando hii, enton Pero Eanes, joiz desse couto, et outros homees boos, moradores desse couto de Cornelhaa, enton Joham Fernándiz, clerigo do coro de Santiago, que estava presente, mostrou et fez leer per mim dito tabeliom en nome e en voz do Arcibispo et Cabidoo de Santiago e en nome de dom Fernam d’Araz, arcidiagoo na iglesia de Tui, cuio procurador que era do dito arciidiago, huum traslado de nosso sennor el rey don Dinis, per la graça de Deus rey de Portogal et do Algarve, segundo en ele parecia e no fundo do dito traslado era soescrito e asinado do sinal de Andrés Pérez, notário de Santiago, segundo en ele parecia, e no qual soescripto recontava ontre as outras cousas que o dito traslado da dita carta del rey fora escrito en presença do dito Andrés Pérez, notario de Santiago. O qual traslado mostrado e perliudo, enton o dito Joham Fernándiz es mostrou logo na dita ora e no dito logo outra carta de Stevoo Reymondo, scrivam de nosso sennor el rey enna villa de Valença, scripta en papel e seellada do seu seelo, segundo en ele aparecia, na qual carta era contiudo ontre as outras cousas que o dito Stevoo Reymondo mandava da parte del rey que fosse com el huum home boo do dito couto, quinta feira primeira de janeyro, pera yr com el a Santiago veer os privilegios que lhis el rey mandava yr veer por razom do julgado do dito couto, segundo do commo no dito traslado era contiudo. As quaes cartas mostradas e perliudas, enton o dito Joham Fernándiz disse e frontou ao dito juyz e aqueles homees que y estavam en nome daquel cuio procurador dizia que era et do dito Arcibispo e Cabidoo, da parte del Rey da de Stevoo Reymondo, seu scrivam, que as quesesem aguardar e conprrir as ditas cartas que lhi per min dito tabelliom mostrava e que enviassem logo com el huum home boo qual tevessem por bem que fosse a iglesia de Santiago com lo dito Stevoo Reymondo a veer aqueles privilegios, segundo o que el rey mandava, ca el prestes era en nome do dito Cabidoo d’yr com el e fazer lhi a custa e levarlo a salvo, e demays disse e frontou ao dito juyz e homees boos do dito couto, aqueles que y estavam, en nome do dito Cabidoo, que oge en este dia primeyro dia de janeyro que era de custume e d’uso pera ehlegerem joiz se ante desto quisessem eleger joyz ou se ia tīīna esleito que se fosse com el pera o Cabidoo e que o faga logo confirmar e que de commo ele esto dezia et frontava que quisessem comprir e aguardar as ditas cartas que assi pedia a min, dito tabelliom, que lhi desse ende huum strumento. Enton o dito joyz e Johanne Stevez de Baros, en seu nome e dos moradores do dito couto, pedirom a min dito tabelliom que lles desse o traslado das ditas cartas.

Esto fuy feito no dito logo, o primeiro dia de janeiro da era de mille e trezentos et sessaenta e tres annos.

Testimoyas que forom presentes: Diago Lourenço, clerigo; e Gonçalvo Fernandez e Joham Lourenço e Joham Rodriguez, seus homeens; e Affonsso de Barquo e Araz Anes e Fernam Fernandiz e Pero de Crastelhom e outros.

Eu, Affonsso Martiz, tabelliom de Ponte de Limha, que este estrumento escrivi e meu sinal hii pugi que tal he.

  [ 41 ]

 1328.05.14, Lisboa

D. Afonso IV confirma à igreja de Santiago todos os privilégios concedidos pelos seus antecessores.

A. C. Santiago, Tumbo B, a) fls. 160 v.º, b) 34 fr.

A. C. Santiago, Tumbo C, fl. 342 fr.

Publ.: Vieites, p. 622, doc. 14.

                    Balasch (1979), p. 1187, n.º 347.

Dom Affonso, pela gracia de Deus rey de Portugal e do Algarve, a quantos esta carta viren, faço saber que eu, querendo fazer graca e merecee aa eyglesia cathedral de Santiago de Galiza, outorgolhy e confirmo toda las cartas e privilegios que ha das graças, mercees, liberdades e benefactorias que lhy fezeron os reys de Portugal que ante mi foron, e mando que lhy seiam compridos e aguardados en todo como en eles he conteudo, e que nehuun non lhy vaa contra elas, su pena dos mes encoutos. Em testemoyo d’esto lhy dey esta minha carta seelada do meu seelo de chumbo.

Datum en Lixbona, catorze dias de mayo. El rey o mandou. Martin Martiniz a fez. Era de mil trezentos seseenta VI annos.

 [ 42 ]

 1330.09.05, Porto

D. Afonso IV reduz a mil e duzentas libras a quantia que lhe devia pagar a igreja de Santiago, em razão da décima e da vintena.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fls. 308 v.º-309 fr.

 Publ.: Vieites, p. 622-624, doc. 15.

 Don Affonso, pela graça de Deus rei de Portugal e do Algarve, a vos Roy Martin, meu home sacador das mihas devedas da portaria, soude.

Sabede que contenda era per ante mi entre o Cabidoo de Santiago, por Jacome Peres, seu procurador, da huna parte, et Diego Dominguez, meu procurador, da outra, por razon de dizimia en que a min fora obligado o arcidiago Pay Soga, per razón de entrega que ouve dos beēs de Cornelhaa et dos outros lugares que esse Cabidoo a enno meu senhorio, per seteenta e cinquo mil moravedis de dineiros brancos, en que fora condenado o Cabidoo per dom Affonso, deyam de Lérida, a qual sentença el rey dom Denis, meu padre, mandara a exsecuçon a petiçon desse dayam, que o chamara como braço seglar, e sobre viintena de una carta de revelia en que o dicto arcidiaco caera ao dicto Cabidoo de Santiago, per a qual revelia o dicto Cabidoo de Santiago foy tornado aa posse dos dictos beēs de Cornelhaa e dos outros lugares assi commo ante estava.

As dictas partes tanto foron per preyto dizendo o dicto procurador do Cabidoo que non avya o Cabidoo por que pagar esta dezima nen viitena por que dizia que esta sentença non fora dada per min, mais que veera julgada per o dicto dayam, executor que se dezia do Papa, e assy en tal caso commo este non avya por que pagar dezima nen viitena, et posto que a y oviese dizia que tanto ouveran os meus meyrinos por razon d’esta dezima dos beens do dicto Cabidoo que montaban moyto mays que a dezima e viitena. Este dicto, meu procurador dezia que en tal caso commo este avya hy dezima e viintena por que o dicto meu padre mandara esta exsecuçon fazer per os seus porteiros, e assy dezia que devya a aver a dezima poys per el fora feyta a exsecuçon, e que a viintena que a devya a aver por que a revelia fora julgada per min e per min o Cabidoo fora tornado aa posse; et dezia que quanto era dos dineiros que levaron os meyrinos que lle los demandasse o procurador do Cabidoo e que eu lhe faria fazer dereyto d’elles, et quanto he o que el rey meu padre e eu en nos avyamos que o recebyam en conto e que a mayoria mha desse o dicto Cabidoo, et moytas razones dictas e ranzoadas de huna e da outra parte.

Eu visto o dicto scrito per qual guyssa era, e vista a carta da entrega que foy dada ao dicto Pay Soga per el rey don Denis, meu padre, a qual carta foy dada per sentença, conven a saber:

En Santaren, dez e nove dias de setenbro, na era de mil trezentos seseenta e sex. Et vista outra carta minha en que era contenudo que conprisse as dictas cartas, a qual foy dada por Vaasco Gonzalez e Affonso Stevez, vinte dias de julho, na era de mil trezentos e sesseenta e sex annos. Et vista a carta de revelia per que o dicto Cabidoo cobrou a posse que foy dada per Airas Eanes, ouvydor dos meus feytos, dous dias de setenbro, na era de mil trezentos e sesseenta e sete annos, e querendo fazer gracia a merced ao dicto Cabidoo, commo quer que me y gran contya montase, tenho per ben de non levar por a dicta dezima e viintena das dictas cartas mays de mil e duzentas libras, et quanto he aquello que os meyrinnos levaron ste reservado ao Cabidoo et ao dicto arcidiagoo et ao meu procurador pera o demandar en commo for dereyto. Et o dicto procurador do dicto Cabidoo disso que queria logo fazer paga ao dicto meu procurador das dictas mil et duzentas libras, et que lle mandase entregar os beens que ao dicto Cabidoo por esta razon tiinna fillados et enbargados. Et el se ve acanto con o dicto meu procurador. Et achey que pagara a Ohan Suarez, almoxerife que foy de Guimarães, oyteenta libras de Portugal, segundo he conteudo en un strumento feyto por Gonçalvo Eanes, taballion da cidade do Porto.

Item achey que pagou cinque marcos de prata ao dicto Iohan Suárez, conven a saber, a treze libras o marco, que montou sessaenta et cinque libras, segundo he conteudo en huun strumento feyto por mano de Giraldo Stevez, tabellion de Guimarães, que foy feyto na era de mil trezentos et sesseenta et sete anos.

Item pagou cento et viinte et oyto libras, as quaes as ouve Bertholomeu Crespo do Porto.

Item pagou sexcentas e huna libra por Fernan Fernandiz do Porto, sacador das mhas devedas, trezentas et viinte et sex libras, as quaes libras eu devo d’aver por os beens do dicto Cabidoo ata dya de Pascoa de Resurreyçon primeyro que ven.

Por que vos mando que entreguedes logo ao dicto Cabidoo ou seu procurador todollos beens que lle por essa razon tenedes finados et enbargados, tanben dos tempos traspassados commo d’aqui adeante et lles alcedes o enbargo que lles sobre ello tenedes posto; et non nos constrengades por a dicta dezima et viintena. Unde al non façades, se non a vos me tornaria eu por en. Et o dicto Cabidoo ou alguen por elles tenna esta carta.

Datum enno Porto, cinquo dias de setembre. El Rey o mandou por Iohan Vicente, seu clerigo, e por Lourenço Gomez de Porto de Moas, seu vasallo. Affonso Eanes a fez. Era de mil trezentos et sesseenta et oyto anoos.

  [ 43 ]

1335.09.20, Coimbra

D. Afonso IV reconhece à Sé compostelana o direito de confirmar o juiz e nomear mordomo e “chegador” no couto de Correlhã, mas devendo o juiz jurar o seu cargo no couto e não em Santiago.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fls. 342 v.º -343 fr.

 Publ.: Vieites, p. 625-626, doc. 16.

 Dom Affonso, por la graça de Deus rey de Portugal e do Algarve, a quantos esta carta virem, faço saber que eu, per Lourenço Calado, meu de criaçon que pera esto mandey antre Doyro e Minho, citar fiz pera ante os ouvydores dos meus feytos o Cabidoo de Santiago de GaIiza, por razon d’algũas jurisdições que a min era dicto que o Cabidoo tragia enno seu couto de Cornelhaa de Riba de Limha, que a dia certo contiudo na dicta citaçon parecessem per ante os dictas meus ouvydores mostrar en commo tragian as dictas jurisdições no dicto couto. E ao dia que llis asy per lo dicto Lourenço Calado fuy assynado a que parecessem per ante os dictos meus ouvydores sobre la dicta razón, commo dicto he, Giraldo Estevez, meu procurador por min, da huna parte, et o dicto Cabidoo per Nicolhao Dominguez, da outra, paresceron per ante Iohan Eanes Melon, ouvydor dos meus feytos, et da parte do dicto Cabidoo per o dicto seu procurador, satisfazendo ao que lhis per min era mandado, fuy dicto que o dicto Cabidoo de Santiago avya ho dicto couto de Cornelhaa, no qual dizia que o dicto Cabidoo avya seu juyz per esta guissa: que os moradores do dicto couto, por huun dia certo do anno, elegian antre si seu iuyz pera ouvyr os pleitos dos moradores do dicto couto, e despoys que o elegiam que hian por la confirmaçon do dicto iuyz aa igresia de Santiago. Outrosii dizia que o dicto Cabidoo tragia seu moordomo e chegador no dicto couto pera chegar a dereyto os moradores do dicto couto e outros seus dereytos, segundo dizia que mays eno dicto Cabidoo tiinha dos rex que d’ante min foron, per que lhis conpridamente era contheudo nos privylegios e cartas a sentenças que o dicto couto fora dado e coutado con as dictas jurisdições e confirmados ao dicto Cabidoo. Et pera fazer certo en commo o dicto Cabidoo de Santiago avya o dicto couto e jurisdições, mostrou huun stromento con seys traslados de privilegios per que os rex que ante mi foron deron e coutaron o dicto couto con sas jurisdições aa dicta iglesia de Santiago de Galiza. Outrossy mostrou huna carta del rey meu padre da qual o tenor de vervo a vervo tal he:

[Insere mandato de 10 de Junho de 1324. Vid. supra].

E mostrados assy os dictos theores dos privylegios e carta del rey meu padre, o dicto procurador do dicto Cabidoo pediu ao dicto meu ouvydor que per sentencia lhi mandasse agardar a dicta carta del rey meu padre, e o dicto meu procurador disse que el non lhi poynna nen queria poner enbargo por min en aquelo que o dicto meu ouvydor achas que se lhi de dereyto deyva d’agardar. E o dicto meu Ouvydor, vista a dicta carta del rey meu padre e o que cada huna das dictas partes dizian, julgou per sentença que lhi fosse aguardada a dicta carta del rey meu padre e que o dicta Cabidoo hussasse no dicto couto de Cornelhaa das jurisdições contihudas na dicta carta, conven a saber, de juyz e que traga hi moordomo que faça as pennoras e as entregas e leve os seus dereytos no dicto couto commo ata aqui levou, et que a dicta egresia de Santiago ponna enno dicto couto huun home boo por sy a que jurem os que foren eleiudos en cada huun anno por juyzes e que husse o dicto Cabidoo e eglesia de Santiago das dictas jurisdições do juyz e do moordomo no dicto couto, et por la gissa que na dicta carta del rey meu padre he contihudo, salvo no juramento dos juyzes, que se faça no dicto couto commo dicto he, a que non hussen hi d’aqui endeante doutra jurisdiçon nenhuna. E o dicto meu procurador e o procurador do dicto Cabidoo quisserom estar pela dicta sentença do meu ouvydor. Eu testemunho d’esto dey en ao dicto Cabidoo de Santiago esta minha carta.

Datum en Coynbra, vinte dias de setenbro. El rey o mandou per Johan Anes Mellon, ouvydor dos seus feytos. Stevan Martinez a fez. Era de mil e tresentos e seteenta e tres annos. Iohannes Iohannis.

  [ 44 ]

1335.09.22, Coimbra

Sentença relativa à eleição do juiz do couto da Correlhã.

T. T., Ch. D. Af. IV, liv. I, fl. 46 v.º.

T. T., Ch. D. Af. IV, liv. IV, fl. 80 fr. - 80 v.º.

T. T., Ch. D. Af. IV , vol. II, fl. 171, n.º 328 (Ver também ibidem, vol. I, n.º 379).

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 343 fr. - v.º.

Publ.: Vieites, p. 626-628, doc. 17.

Ao Cabido da Igreja de Samtiago de Galiza, sentemça per que foy julgado que no couto de Cornelhaa huse das jurdiçõees decraradas contheudas na carta e privilegios del Rei dom Dinys ect.

Don Affonsso pela graça de deus Rey de Portugal e do Algarve. A quantos esta carta virem faço saber que eu pelas vilas e comarcas do meu senhoryo mandei fazer chamamento geeral per razom de todos Aqueles que avyam vilas ou castellos coutos ou onrras ou jurisdições algũas en elas, no meu senhoryo, que a dia certo conteudo no dicto chamamento vessem perante os Ouvydores dos meus fectos mostrar en como as avyam e tragiam, ao qual dia que lhys assy pelo dicto chamamento era assinaado a que parecessem perante os dictos meus ouuydores sobre la dicta razom como dicto he.

Giraldo Stevez meu procurador por mim, da hũa parte, e o Cabido da Egreia de santiago de Galiza per Nicolaao Dominguez raçoeiro da Egreia de Tuuy seu procurador, da outra, parecerom perante Johan Eannes Melom ouuydor dos meus fectos.

E da parte do dicto Cabidoo per o dicto seu procurador, satisfazendo ao que lhy per mjm era mandado, foy dicto que o dicto Cabidoo de Santiago avya huum couto no Julgado de Ponte de Limha que chamavam couto de Cornelhãa, no qual couto e moradores dele diziam que avya o dicto Cabidoo e lhis perteecia de dereito estas Jurisdições que se seguem adeante, per razom que diziam que o dicto couto com sas jurisdições lhy fora dado e outrogado pelos Rex de Portugal que ante mjm foram e conffirmado per mjm, as quaes Jurisdições que dizia o dicto Cabidoo que tragia no dicto couto son estas, convem a saber: que os moradores do dicto logo de Cornelhãa se aiuntavam en cada huum aano en seu concelho e que elegiam seu Juiz, que ouvya os preitos e fazia dereito dos moradores do dicto couto, e depoys que o elegiam que hyam pola conffirmaçom do dicto Juiz aa dicta Egreia de Santiago.

Outrossy dizia que o dicto Cabidoo metia moordomo que chegava a dereito os moradores di, e pera fazer as penhoras e entregas e as chamadas e pera levar as vozes e as coomhas dos moradores do dicto couto, e as outras cousas que os dictos moradores avyam a mim de dar, segundo dizia que mays conpridamente era conteudo nos privilegios e cartas e cartas e sentenças que dizia que o dicto Cabidoo avya dos Reys que pelo tempo forom en Portugal, per que lhy o dicto couto com as dictas ju[ridições forom dadas e conffirmadas ao dicto Cabidoo, e protestava que lhy ficasse aguardada pera alegar e provar en nome do dicto Cabidoo prescripçom liidima sobre lo dicto couto e jurisdições del e de todo o outro seu dereito.

E o dicto meu procurador, veendo o que o procurador do dicto Cabidoo dizia en sas razões, disse que poys o dicto procurador do dicto Cabidoo alegava en sas rezões privilegios e cartas per que diziam que avyam o dicto couto e jurisdições que as mostrasse.

E o procurador do dicto Cabidoo mostrou logo huum stormento fecto per mãao d’Andres Periz e d’Affons’Eannes, notairos poblicos da villa de Santiago de Galiza e com seus sinaaes, com teores de privilegios e de cartas dos Rex que ante mjm forom en Portugal, per que lhy o dicto couto com as dictas jurisdições fora dado e coutado aa dicta Egreia de Sanctiago, e hũa carta del Rey meu padre, per que mandava, antre as outras cousas, que os moradores do dicto couto elegessem seu juiz come soyam de eleger e que fossem pola confirmaçom ao Arcebispo e Cabidoo de Santiago e que por esto nom se tolhesse ao dicto meu padre todo o outro seu dereito tam bem das apellações come doutra razom qualquer que o ele hy ouvesse no dicto logo de Cornelhãa. Os quaes teores de privilegios e cartas eram com autoridade de juiz. E o proc[ur]ador do dicto Cabidoo, mostrados assy os teores dos dictos privilegios e cartas, pediu ao dicto meu ouvydor que per sentença lhy mandasse aguardar os dictos privilegios e a carta del Rey meu padre. E Giraldo Stevez meu procurador disse que el por mjm nom lhy poynha nem queria põer enbargo en aquelo que o dicto meu ouvydor achasse que xe lhy de dereito devya d’aguardar.

E o dicto meu ouvydor, vistos os teores dos dictos privylegios e da dicta carta del Rey Don Denis meu padre, julgou per sentença que lhy fosse aguardada a dicta carta del Rey meu padre e privylegios. E que o dicto Cabidoo husasse no dicto Couto de Cornelhãa das jurisdições conteudas na dicta carta e privilegios, convem a saber, de juiz e de moordorno e de chegador. E que a dicta Egreia de Sanctiago ponha no dicto couto huum homem boom por sy a que juren os que forem elleiudos en cada huum ano por juizes. E que huse a dicta Egreia no dicto Couto das jurisdições dos juizes e do moordomo e chegador, pela guisa que na dicta carta del Rey Don Denis meu padre era conteudo, salvo no Juramento dos Juizes, que se faça no dicto couto como dicto he, e que nom husem hy daqui en deante doutra jurisdiçom nenhũa. E o dicto meu procurador e o procurador do dicto Cabidoo quiserom estar pela dicta sentença do dicto meu ouuydor

Por que mando ou meyrynho ou veedor da mha justiça que por mim andar antre Doiro e Minho e a qualquer outra mha justiça que conpram e aguardem o Juyzo do dicto meu ouuydor e que lhy nom uãao contra elo. Unde al nom façam senom a eles me tornarya eu porem.

E o dicto Cabidoo tenha esta carta.

Datam en Coinbra, xxii dias de Setembro, el Rey o mandou per Johãn Eannes Melom, ouvydor dos seus fectos. Stevam Martinz a fez Era M.ª CCCª. LXXIIII anos. Johanes Johannis.

  [ 45 ]

 1342.01.21, Coimbra.

– D. Afonso IV ordena ao corregedor de Entre Douro e Minho que faça cumprir a sentença que tinha dado a favor do Cabido de Santiago sobre a jurisdição na vila de Correlhã.

 A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 342 fr.

 Publ.: Vieites, p. 629, doc. 18.

 Don Affonso, por la graça de Deus rey de Portugal e do Algarbe, a vos Affonso Dominges, corregedor por min antre Doyro e Minho, soude. Vy carta que mi envyastes em razon da contenda que he antre os moradores do couto de Cornellaa, da huna parte, et o Cabidoo de Santiago da outra, per razon de jurisdiçon desse couto; et outrossy vii as cartas das confirmações que vos foron mostradas por los dictos moradores do dicto couto em razon dos juyzes que eran ellexidos no dicto couto; et vii o traslado das cartas de sentença e doutras que o Cabidoo de Santiago de min gaanou contra os dictos moradores de dicto couto, et entendy todo. Et eu tenno por ben e mandovos que veiades a dicta carta da sentença que o dicto Cabidoo de min ganou contra os dictos moradores do dicto couto en razon da jurisdiçon desse logo, e fazede a comprir e agardar en todo commo em ela he contheudo. Pero tenho por bem e mando vos que se os dictos moradors do dicto couto quisserem dizer que a dicta sentença non deve a elles d’enpeencer que vos façades as partes per dante vos viir, e ouvydeas e fazede o que for dereyto. Unde al non façades.

Dada en Coimbra, viinte e hun dias de janeyro. El rey o mandou per maestre Pero e per meestre Gonçalo das Leys, seus vassalos. Affonso Martin do Amaral a fez. Era de mil trezentos e oytenta annos. Magister Petrus. Magistro Gonzalus vidit.

  [ 46 ]

 1362.12.12, Évora

D. Pedro I ordena a João Perez, corregedor de Entre Douro e Minho, que só reconheça como juiz de Correlhã aquele que for eleito normalmente.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 344 v.º.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 343 v.º, em doc. de Juan Pérez, de fevereiro de 1363.

Publ.: Vieites, p. 629-630, doc. 19.

 Don Pero, por la graça de Deus rey de Portugal e do Algarve, a vos Iohan Pérez, corregedor por min ontre Douro e Minho, soude. Sabede que o concelho e homes boos de Cornelhaa de Riba de Limha, me envyaron dizer que Pero Tristam, que hi foy por min corregedor, lle deu por juyz de fora Martin Affonso de Juuhal, morador en Valdeves, et lhis mandou que lhe dessem em cada huum anno certa quantia pera seu mantenemento, enno que elles dizem recebem agravamento por los grandes encarregos que ham doutras cousas, et envyaron me sobre elo pedir mercee; et en veendo o que me envyaron pedir et querendo lles faser graça et merece, tenho por bem et mando vos que lhis removades esse juyz que hi assy per lo o dicto Pero Tristam fuy posto, et elles façan seus iuyzes commo he de seu custume; et se ha mester iuyz de fora envyade mo dizer et a razon porque pera eu faser aquelo que entender que he mays meu serviço et prol desse lugar; et se esse juyz ouver mays dineyros desse concelho que tenpo tem servos[48] fazede llos lhogo entregar. Unde al non façades.

Datum em Evora, doze dias de dezenbro. El rey o mandou per Affonso Dominguez, seu vasalo. Fernan Rodriguez a fez. Era de mil e quatrocentos annos. Alffonso Dominici.

  [ 47 ]

1362.12.15, Évora

D. Pedro I confirma à Igreja de Santiago todos os privilégios que lhe tinham concedido os seus antecessores.

A. C. Santiago, Tumbo B, fl. 279 v.º.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 344 fr.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, fl. 343 v.º, en doc. de João Peres, de Fevereiro de 1363.

Publ.: Vieites, p. 630-631, doc. 20;

   Balasch (1979), p. 1211, n.º 355.

 Dom Pedro, por la gracia de Deus Rey de Portugal e do Algarve, a quantos esta carta virem, faço saber que eu, querendo facer gracia e mercee aa iglesia cathedral de Santiago de Galliza, outorgo lhi e confirmo todo lhos privylegios e liberdades que lhis foron dados e confirmados por os reys que ante mi foran e de qui sempre husaron ata a morte del reye dom Affonso meu padre, a que Deus perdoe; e mando que husem deles e lhi seiam aguardados per lla guisa que o forom ata a morte do dito meu padre, commo dito he. Em testemunho desto lhi mandey dar esta minha carta seelada de meu seello do chumbo.

Datum enna cidade d’Ebora, quinze dias de dezenbro. El rey a mandou per Lourenço Estevan, seu vasalo. Gonçalo Perz a fez. Era de mil e quatrocentos annos. Laurencius vidit.

 [ 48 ]

1363.02.25, Ponte de Lima

João Peres, corregedor de Entre Douro e Minho, em face do ordenado pelo rei D. Pedro I, sobre as possessões da igreja de Santiago em Portugal e especialmente sobre a eleição do juiz e do mordomo no couto de Correlhã, perante a reclamação do procurador do Cabido santiaguês, manda que Martim Afonso do Junhal, nomeado por Pedro Tristão, corregedor, deixe o lugar de juiz e que os eleitores do concelho escolham o juiz da forma acostumada.

A. C. Santiago, Tombo C-2, 343 v.º.- 344 fr.

Publ.: Vieites-Ballasch, p. 383-384, doc. 27.

Johan Pérez, vasalo del rey et corregedor por el antre Doyro e Minho, a quantos esta carta virem faço a saber que per ante min par[ec]eu Joham Semmal, raçoeyro da iglesia de Santiago de Galiza et procurador que se dizía do Cabidoo da eigreia do dito logo de Santiago, et mostrou per ante min et leeer fez hũa carta do dito sennor rei escripta em purgaminho et seelada do seu seelo de chunbo pendente em seda vermella et jalne e amarela segundo em ela parecia, da qual o theor tal he:

[Insere doc. de 1362.12.15, Évora]

A qual carta assy mostrada e liuda o dito Johan Senmal mostrou e leer fez perante min outra carta do dito sennor Rei scripta em papel e seelada nas costas do seu seelo redondo segundo em el apparecia, da qual o theor atal he:

[Insere doc. de 1362.12.10, Évora]

A qual carta assy mostrada o dito Johan Senmal pediu a min que lle conprisse as ditas cartas commo en elas era contheudo, o dito sennor Rei mandava que removesse Martin Afonso do Junhal que pressenten siia de juyz do dito couto qual hi dera Pero Tristán, que fuy corregedor, por juyz; e que outrossy o dito Cabidoo de Santiago poynha no diio couto de Cornelhaa e julgado moordomo que chegava os moradores ant’o juyz e fazia as pennoras entregas et costrrengementes segundo senpre ata aqui fora seu huso e costume. Et que ora seendo o dito Martin Affonso, juyz no dito logo commo dito he em este mes de fevereyro que ora anda que tirara o moordomo que estava por lo dito Cabidoo e que possera y outro moordomo de sua mão fazendo em elo agraveo ao dito Cabidoo de Santiago. Ei outrossy que pedia que removesse o moordomo que assy fora posto por lo dito Martim Afonso et mandasse que o moordomo do dito Cabidoo husase da sua jurdiçom en nome do dito Cabidoo commio senpre husara ata aqui. Et eu fiz pregunta ao dito Martin Affonso se tirara ele o dito moordomo commo o dito Johan Senimal dizia. Et o dito Martin Affonso disso que verdade era que o dito Cabidoo tragia hi moordomo no dito couto e julgado commo o dito Johan Senmal dizia. Et porque nom husava de sy commo devya que poren ho tirara d’i et possera outro moordomo en nome del Rey. Et eu, vistas as ditas cartas et o dizer dos ditos Johan Semmal e Martin Affonso, mandei ao dito Martin Affonsso nom husse mays do oficio do julgado no dito couto de Cornelhaa e julgado del. Et outrossy mando aos moradores do dito logo que ellegesem seu juyz segundo seu custume et lle seia confirmado per hu he de dereyto e de custume senpre fuy ante que o dito Martin Afonso hi fosse juyz conmo dito he. Et outrossy mandei que o moordomo que hi fuy posto per o dito Martin Afonso que non husse mays do oficio de moordomo commo senpre hussou de poer segundo seu custume et husse de seu oficio commo senpre husarom aquelhes que hi por lo dito Cabidoo forom postos por moordomos ant que o dito Martin Afonso di fosse tiinr o que hi estava por lo dito Cabidoo, et faça as chegas e entregas e pennoras pela guyssa que he de seu custume. Et o dito Johan Semmal pedyu a min que lhi desse desto hũa carta et eu lha mandei dar so ho seelo do dito sennor que anda em esta comarqua en testemoyo das ditas cousas.

Data em Ponte de Limha, viinte e cinque dias de feveryro.

Stevoo Eanes a fez, era de mille e quatrocentos e huum annos.

Johan Pérez.

  [ 49 ]

1363.02.27, Sisto (Correlhã)

Os procuradores da igreja de Santiago, Estêvão Fernandes e Juan Semmel, seguindo as ordens de D. Pedro I e seu corregedor João Peres, aprovam a eleição de Domingos Martins, realizada pelos homens bons do dito couto, como juiz do mesmo, em substituição de Martim Afonso do Junhal, que tinha sido nomeado pelo corregedor Pedro Martins, e nomeiam mordomo do couto de Correlhã a Miguel Eanes.

A. C. Santiago, Tumbo C-2, 344 v.º.- 345 fr.

Publ.: Vieites-Ballasch, p. 384-385, doc. 28.

 Sabam todos quantos este estromento virem que na era de mille e quatrocentos e huum annos, viinte e sete días de fevereiro, enno logo que chamam o Sisto, julgado do couto de Cornelhaa, pressentes nos Vaasco Domingez et Ruy Lourenço et Domingos Esteveez et Gonçalo Martiz, tabeliões del rey en Ponte de Limha e no dito julgado de Cornelhaa, e as testemoyas adeante scriptas, Stevam Fernandes, morador na dita vila de Ponte de Limha, et Joham Senmel, raçoeyro de Santiago, procuradores que se diziam do Cabidoo de Santiago, que pressentes estavam, en pressença de nos tabeliões sobreditos, mostraram hua carta de Johan Perez, vasalo del rey dom Pero e corregedor por el antre Doyro e Minho, scripta em pergaminho e seelada de huum seelo pendente e d’outro em nas costas, o qual seelo he do dito sennor Rey anda enna comarqua d’antre Doyro e Minho enna qual carta se contiina teor de huum privilegio seelado e bulado do seelo do chunbo do dito sennor Rey, enno qual privylegio se contiina que o dito sennor rey confirma os privylegios e liberdades que os reys d’ante el derem aa iglesia cathedral de Santiago de Galiza et que hussassem delles commo senpre hussarom ata a morte del rey dom Affonsso seu padre, a que Deus perdõe[49]. Et outrossy contiina-se en na dita carta teor de hũa carta scripta em papel e seelada ennas costas do seelo redondo do dito sennor Rey, enna qual se contiinha que o dito sennor Rey mandou ao dito Johan Perez, corregedor, que tirasse Martim Affonsso do Junhal que estava por juyz enno couto de Cornelhaa[50] hu possera, por el rey, Pero Tristam, corregedor que fuy enna dita comarqua d’antre Doyro e Minho, et mandava aos moradores do dito couto de Cornelhaa que enlegessem seu juyz segundo que era de seu custume. Et enna carta do dito corregedor se contiinha que el manda ao dito Martim Affonsso que pressente fora que non husasse mays do dito julgado nem fosse juyz enno dito couto de Cornelhaa et que os moradores do dito couto de Cornelhaa emlegessem seu juyz et fossem por a confirmaçom aly hu hien por ela ante que o dito Martin Afonso hi fosse juyz. Et outrossy se contiina enna dita carta do dito Johan Perez, corregedor, que o dito Cabidoo ponha enno dito couto moordomo que faça as chegas e entregas e pennoras pela guyssa que senpre hussaren os outros moordomos que y foron postos pello dito Cabidoo, a qual carta assy mostrada e lyuda, os ditos procuradores en nome do dito Cabidoo de Santiago de Galiza fezerom fronta a Johan Rial, procurador do julgado de Cornelhaa e a Stevoo do Rio, veedor, et a Johan Lourenço e Martin de Sant’Estevo e Domingos Abril e Martin Veegas e Martin Duraaen, jurado do dito julgado, e a outros homeens boos do dito couto de Cornelhaa, que foron chamados e chegados pera esto que se adeante sige segundo derom em fe os ditos jurados, que enlegesem seu juyz et que fosem por la confírmaçom del a Santiago de Saa, que he no dito couto, hu suyam d’ir por ela ante que o dito Martim Affonsso di fosse juyz, que elles prestes estavam de lho confirmar en nome do dito Cabidoo de Santiago. Et outrossy fezeron fronta a Lopo Affonsso, escudeiro, que nom estevesse enna enliçom com os moradores do dito couto por que Santiago avya privylegios gaanados e conffirmados por los reys de Portugal que nihuum fidalgo nom morasse enno dito couto de Cornelhaa nem estevesse aa enliçom que se hi fezesse. Et logo o dito Loppo Affonso se fuy et partyu se dos moradores do dito couto. Et feytas assy as ditas frontas commo dito he, os ditos procuradores se partirom logo do dito logo do Sisto hu se custuma d’enlegerem juyz no dito couto et foron sse pera Santiago de Saa, et logo no dito dia e ora os moradores do dito couto, aquelhes que hi quisseron viinr, trautaron de sua enliçon enno dito logo do Sisto et enlegeron Domingo Martinez seu vezinho por juyz do dito couto, assy commo he de seu custume. Et foron se logo com el ha pedir confirmaçom a Santiago de Saa et acharon hi os ditos Stevoo Fernandes e Johan Semmal, procuradores sobreditos et pedirom lhis que lhis confirmasse o dito Domingo Martiz por juyz que assy enlegerem. Et os ditos procuradores fezeron pregunta a nos tabelhoes sobreditos se era enleuto o dito Domingo Martiz por juyz, en concordia, et nos demos en fe que sy. Et o dito Johan Semmal recebeu juramento do dito enleuto segundo forma de dereyto. Et o dito Stevoo Fernandes lhi meteu huum ramo de larangeiro enna mao, et confirmaram anbos o dito juyz en nome do dito Cabidoo e commo seus procuradores que diziam que eran, segundo que suyan de confirmar os que dy foron juyzes ante que o dito Martin Alfonsso fosse hi posto por juyz por el rey pello dito Pero Tristano. Et outrossy os ditos procuradores posseron logo por moordomo enno dito couto en nome do dito Cabidoo Migheel Eanes, morador enno dito couto, ao qual derom juramento dos Evangelhos que ben e dereytameine obrasse do dito oficio.

Das quaes cousas os ditos procuradores pediron a nos ditos tabeliões huum stromento.

Testemoyas que foron pressentes: Anthonio Perez, çapateyro, morador en Ponte de Limha; e Domingos Estevez, home do dito Johan Semmal, et Affonsso Eanes, yrmaao do abbade de Santa Marinha d’Eremelo; e Duram Domínguez de Barros e Domingos Sanctorum et Stevoo Martiz de Crasto e Domingos Johanes, dito Robouça, e Johan Peres das Casas Novas, meyrinho, moradores do dito julgado, e outros que beeron aa dita enliçon e confirmaçom sobredita.

Et eu Vaasco Domínguez, tabaliom sobredito, este stromeixo a pedymento dos ditos Johan Semmal e Estevoo Fernandes scrivi et en el meu signal fiz en testimoyo de verdade que tal he.

Et eu Domingos Esteveez, tabeliom sobredito, que aas sobreditas cousas presente fuy e aqui meu signal fiz que tal he.

Et eu Ruy Lourenço tabeliom sobredito, que aas sobreditas cousas presente fuy e aqui meu signal fiz que tal he.

Et eu Gonçalo Martiz, tabeliom sobredito que aas sobreditas coussas presente fuy e aqui meu signal fiz que tal he.[51]

 

 Bibliografia

[O nome dos autores está precedido pela sigla abreviada com que é citado no corpo do texto].

Alvarez = Lucas Alvarez, Manuel – Tumbo A de La Catedral de Santiago. Santiago, Cabildo de la S.A.M.I. Catedral – Seminario de Estudos Galegos, 1998.

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Sousa = Sousa, António Caetano de – História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo V, livro VI, Lisboa Occidental, Oficina Sylviana da Academia Real, 1738.

 Abreviaturas:

A. C. Santiago = Arquivo da Catedral de Santiago de Compostela.

A. C. Lugo = Arquivo da Catedral de Lugo.

A. D. Braga = Arquivo da Distrital de Braga.

B. C. Sevilha = Biblioteca da Catedral de Sevilha.



[1] Cf. J. A. Vieira, Minho Pitoresco, Tomo I, Lisboa, 1886, p. 282. Ignora-se o paradeiro desta moeda, que o autor do “Minho Pitoresco” viu nas mãos de Antonio de Magalhães Barros de Araújo Queirós, então administrador do concelho.

[2] Recaredo foi rei dos visigodos, entre 586 e 601, e a moeda apresentava, de um dos lados, a sua efígie e a legenda RECCAREDUS REX X e, do outro, a legenda TOLETO PIUS X e uma efígie.

[3] Entre Braga e Santiago de Compostela – a “Villa Corneliana” (freguesia de Correlhã, concelho de Ponte de Lima) na primeira metade do século XIII”, em Os Reinos Ibéricos na Idade Média, Livro de Homenagem ao Professor Doutor Humberto Carlos Baquero Moreno, vol. I, Porto, 2003, p. 255-264; “D. Diogo Gelmires e as terras sob a jurisdição do Arcebispo de Santiago de Compostela a sul do rio Minho”, em População e Sociedade, n.º 18 (2010), p. 179-196.

[4] Por regra, a transcrição é feita a partir da que é citada em primeiro lugar na lista de fontes de cada documento.

[5] António Caetano de Sousa, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo V, livro VI, Lisboa Occidental, Oficina Sylviana da Academia Real, 1738, p. 19. Transcreve-se: “Às muitas mercês, que El Rei fez ao Senhor D. Afonso, com que llhe aumentava os os seus estados, ele ajuntou outros, e entre elles é célebre o da Quinta e Coutos da Cornelhã, de Mouquim, Nogueira, Gandufe, e as herdades de Bretiande, que eram proprios pertencentes à Igreja Metropolitana de Santiago, e por um contrato, que entre o Senhor D. Afonso e o Arcebispo e Cabido da dita Igreja se celebrou, lhe fez este uma cessão daqueles Coutos, com todas suas herdades, pertenças, senhorios e jurisdições, mesas, mixtas, altas e baixas, pelo preço de duas mil coroas de ouro do cunho de França, feito em dous pagamentos, o primeiro em dia de S. João do ano de 1426, e o segundo no fim do mesmo ano, o qual dinheiro seria posto à custa do Conde de Barcelos na cidade de Tui, em ouro, ou prata fina que valesse a quantia das duas duas mil coroas. Fez este contrato, com uma procuração do Conde de Barcelos Fr. Francisco, Religioso da Ordem dos Pregadores, seu confessor, Mestre em Teologia, e para se efectuar se impetrou uma Bula do Papa Martinho V, que foi dirigida ao Bispo de Lamego D. Garcia, perante quem foram justificadas as causas que o Cabido tinha para vender os taes bens, de que foi a principal o ficarem em Reino e domínio diferente, e as contínuas guerras de Portugal com Castela dificultavam as cobranças, e, vistas as causas, se aprovou o tal contrato, ficando o Conde de Barcelos com o dito Senhorio”. Citação à margem: “Cartório da Casa de Bragança, maço 1 das confirmações”.

[6] Em C: “ministerium”.

[7] Em C, omite-se todo o texto que se segue, até à data (“Facta scriptura...).

[8] Em B1: “Xemena”.

[9] Em B1: “minusculum”.

[10] Em C: “duxisset”.

[11] Em C, omitido.

[12] Em C omite-se o texto que se segue, desde “et monachorum” até “et damus”.

[13] Em C omite-se o texto que se segue, desde “cum viculis”, até à data (“Facta serie...”).

[14] Primeira sílaba repetida.

[15] O mês, cuja indicação está omitida nos tombos A e B, foi identificado por L. Alvarez a partir de uma referência de Morales.

[16] O texto é encabeçado pela miniatura do rei Fernando I.

[17] Em C, texto omitido desde “ut stet” até “in aliquo”.

[18] Em C omite-se a aspa (L) do X.

[19] Ver a nota 17.

[20] Em C omite-se o texto desde “cuius” até “voluntate”.

[21] Em C omite-se o texto desde “et non sit“ até “talenta”.

[22] López Ferreiro (loc. cit., 492, nota 2, e 523, nota 2) registou o erro da data «era Iª Cª Iª», com que este documento aparece no Tumbo A, corrigindo-a na sua edição do mesmo, de acordo com o começo do pontificado do Bispo Pelaio de Leão (1065), que é um dos confirmantes. Segundo L. Ferreiro, deveria ler-se, por conseguinte, MCIII (ano de 1065). García Álvarez (loc. cit.), de acordo com esta observação, datou o documento de 10 de Março de 1065, mas o pontificado de Pelaio de Leão começou depois de 1 de Abril desse ano, de modo que o documento não pode ser anterior. No manuscrito de Sevilla, o copista anotou a “Era MCII”, corresponde ao ano de 1164, o que é inaceitável, como acabamos de observar. Por outro lado, a data extrema não poderá ir além de Dezembro de 1065, mês em que faleceu o monarca. Admitindo que o escrivão se confundisse, escrevendo marcii em vez de maii, podemos corrigir a data, lendo-a como “ vi idus maii Era Ī.ª CC.ª III.ª (isto é, 10 de Maio de 1165).

[23] “Cresconius testis” omitido em C.

[24] “translatavit testis” omitido em C..

[25] O texto deste documento é precedido por uma miniatura que representa o conde Dom Henrique. Lê-se, na cartela: ENRICVS COMES C(on)F(irmat).

[26] Em C omite-se desde “qualiter” até “habitantibus in”.

[27] Nal margem: De villa Corneliana (min. dipl., s. xiii).

[28] Em C, omite-se desde “quam” até “in duplo” (imediatamente antes da data).

[29] Em Vieytes-Balasch: “vice”.

[30] Em Vieytes-Balasch: “habuetis”.

[31] Em Vieytes-Balasch: “storcrum”. Scorzum, segundo Viterbo, éra uma vasilha, feita de cortiça de sobreiro, que levava seis canadas de vinho.

[32] Data calculada a partir da cronologia do episcopado do Arcebispo Bernardo (1224-1237) e da ausência do deão João, que não aparece nos documentos depois de 1231, como acontecia noutras escrituras, como as do Tumbo C-2, fls. 71 v e 111 v.- 112 r. Veja-se o documento seguinte.

[33] Em Vieytes-Balasch: “storcrum”. Como já referimos, scorzum, segundo Viterbo, era uma vasilha, feita de cortiça de sobreiro, que levava seis canadas de vinho.

[34] O texto em itálico falta na versão de fl. 172 v.º do manuscrito.

[35] O texto que se segue falta na versão de fl. 172 v.º do manuscrito.

[36] Sic.

[37] No manuscrito, abreviado “cellam”.

[38] Leitura corrigida, em vez de “moriantur", que resultará de um lapso do copista.

[39] Em 171 fr.: “presumcione”.

[40] Em Tumbo C-2, "VIII.0 kalendas".

[41] Nome repetido no original.

[42] Sic.

[43] Possivelmente, a ler: “Mamoa”.

[44] Repetido "et dom Pero Estevanez".

[45] Deverá ser “porçom”.

[46] Deverá ser “a fez” e não “alferez”, como se lê em Vieites, l. c.

[47] Sic, possivelmente por “cassa” (casa).

[48] Sic.

[49] Cfr. supra doc. de 1362.12.15, Évora.

[50] Cfr. supra doc. de 1362.12.12, Évora.

[51] Sobre a posterior venda de Correlhã ao Duque de Bragança ver: Carro Garcia, I., Venta de la villa de Cornellá en el año 1426. "Bol. Com. Prov. Mon. Orense”, XX (1959-1960), p. 153-161.